COTIDIANO
Couto diz que avisou Maranhão sobre grupos de extermínio em 95
Parlamentar recebe com ceticismo o anúncio do Governo em investigar a participação de policiais nos grupos de extermínio que atuam na Paraíba e insiste na federalização do caso.
Publicado em 06/01/2010 às 16:52
Phelipe Caldas
O deputado federal Luiz Couto (PT), que há quase 15 anos já denunciava a participação de policiais militares nos grupos de extermínio da Paraíba, recebeu com ceticismo o anúncio do secretário de Segurança Pública do Governo da Paraíba, Gustavo Gominho, que nesta quarta-feira (6) admitiu a existência destas organizações criminosas e avisou que vai investigar aproximadamente 40 policiais suspeitos. Couto disse que ainda em 1995 entregou um relatório ao então governador José Maranhão (PMDB) denunciando o problema e que desde aquela época nada tinha sido feito.
“Vários policiais militares que eu denunciei desde aquela época continuam na ativa até hoje, impunes e cometendo os mesmos crimes. Nenhuma providência foi tomada e os grupos de extermínios agem desde aquela época”, destacou o parlamentar petista.
Ele mais uma vez defendeu a federalização das investigações e disse que a Polícia Militar não tem condições de investigar seus próprios homens. “Num Estado onde o corregedor da Segurança Pública é ameaçado de morte e os policiais têm medo de denunciar, a investigação não tem como funcionar”, disparou.
Segundo o parlamentar, é uma prática corrente entre os policiais militares paraibanos “o vazamento e o tráfico de informações”, que de acordo com Couto prejudicam as investigações e os flagrantes. “Apenas a Polícia Federal tem condições de fazer um trabalho isento que realmente desbarate a ação criminosa destes maus policiais”, destacou.
Luiz Couto avisa, inclusive, que o número de 40 policiais que serão investigados pelo Estado está muito aquém da realidade. “O número na verdade é muito maior. Quarenta policiais não representam nem o início do verdadeiro problema”, prosseguiu, avisando que a questão só será resolvida quando todo o esquema for desmantelado, com a prisão de mandantes, financiadores e protetores.
Classificando os grupos de extermínio de “milícias armadas altamente letais”, Luiz Couto disse ainda que é importante acabar com os “crimes misteriosos”, em que só existe a figura da vítima e que não se tem o réu, as testemunhas ou as provas.
“Precisamos para isto priorizar a segurança preventiva em detrimento da segurança repressiva. E para isto é imperativo que tenhamos policiais bem preparados e bem pagos. Assim, toda a estrutura policial precisa ser modificada antes de podermos resolver a questão”, frisou.
Apesar de todas as suas discordâncias, contudo, Luiz Couto diz que está a disposição do secretário Gustavo Gominho ou de qualquer outra autoridade de segurança pública para ajudar com o seu conhecimento na solução do problema.
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