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COTIDIANO

Criança é morta na rua com tiro no olho

Garoto de apenas 11 anos era envolvido com o tráfico de drogas e praticava pequenos furtos; nenhum suspeito pelo homicídio foi preso.

Publicado em 17/05/2012 às 6:30


Atuando principalmente como ‘olheiros e aviões’ do tráfico de drogas, crianças com até 12 anos convivem na mira constante da violência na Região Metropolitana de João Pessoa. Essa precoce vida criminosa pode ter motivado a execução de uma criança de apenas 11 anos, durante a noite da última terça-feira, na comunidade Salinas Ribamar, no município de Cabedelo.

Segundo o Centro Integrado de Operações Policiais (Ciop), Antônio Marcos dos Santos Silva foi assassinado por volta das 23h45, com um tiro no olho, em uma rua da comunidade. Em depoimento prestado à 7ª Delegacia Distrital, a mãe da vítima afirmou que o garoto estava envolvido em crimes de furtos, assaltos, além de tráfico de drogas.

Antônio Marcos não estudava e apesar de sua mãe residir no bairro de Mandacaru, na capital, ele também não frequentava a residência e dividia seu tempo entre o consumo de drogas e a prática de pequenos delitos, em Mandacaru e na comunidade Salinas Ribamar.

Um funcionário da 7ª Delegacia Distrital afirmou que, no depoimento, a mãe da criança revelou ainda que ele se envolvia frequentemente em brigas e confusões, além de não aceitar conselhos. Conforme a Polícia Civil, o consumo de drogas havia sido iniciado há algum tempo, quando o garoto ainda residia em Mandacaru.

O assassinato está sendo investigado pela 7ª Delegacia Distrital, porém nenhum suspeito de ter praticado o homicídio foi identificado. As equipes irão agora iniciar as investigações em campo, interrogando possíveis testemunhas do crime.

Assim como Antônio Marcos, várias crianças são atraídas para uma vida criminosa com a promessa de ascensão social. Para o conselheiro tutelar Sérgio Lucena, na capital a situação é preocupante, principalmente em comunidades e bairros periféricos, como Mandacaru, Padre Zé, Baixo Róger, Porto de João Tota, Beira Molhada, Padre Hildon Bandeira, São Rafael e Santa Clara.

Atraídos pela possível ascensão social, conforme o conselheiro tutelar, as crianças iniciam a vida no tráfico a partir dos 10 anos, com a promessa de receber em troca objetos como celulares, videogames e até motocicletas. A disputa envolve ainda a qual facção as crianças irão integrar, ‘Estados Unidos’ ou ‘Al-Qaeda’ (Okaida).

“Dentro da comunidade, eles têm uma facilidade muito grande de serem envolvidos nessa rede de tráfico de drogas e iniciar uma vida criminosa. Alguns são viciados em drogas e para recrutá-los os bandidos oferecem muita coisa em troca. No Conselho Tutelar já recebemos casos sérios de agressões praticadas por estas crianças, no âmbito escolar como na própria comunidade,” afirmou Sérgio.

As crianças do tráfico geralmente se tornam mais agressivas porque passam a vivenciar a violência do trafico. “O tráfico tem sua próprias leis, seguidas por todas as pessoas envolvidas”, concluiu Sérgio Lucena.

No bairro dos Novais, que já foi dominado pelo tráfico de drogas, inclusive com um grupo de assaltantes liderado por uma criança de 12 anos, a situação não é diferente. Conforme o tenente Sobreira, comandante do Policiamento Solidário do bairro, adolescentes são recrutados para o tráfico de drogas principalmente aos 14 anos, porém também existe, no local, crianças de 12 anos atuando como ‘olheiros e aviõezinhos’.

Ainda conforme o tenente, na faixa etária dos 16 anos acontecem muitas execuções de adolescentes, seja por rivalidades ou acerto de contas do tráfico de drogas.

Imagem

Jornal da Paraíba

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