COTIDIANO
Criança ferida pela mãe com caneta no pescoço recebe alta do hospital, em João Pessoa
Ela será acompanhada pelo Conselho Tutelar. Mãe foi levada para Centro de Atendimento Socioeducativo Rita Gadelha.
Publicado em 20/10/2021 às 6:46
O menino de quatro anos ferido pela mãe, uma adolescente de 15 anos, com uma caneta no pescoço, recebeu alta do Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa nesta terça-feira (19). De acordo com a unidade de saúde, ele foi levado pelo Conselho Tutelar. A mãe, suspeita de tentar matar o filho fruto de um estupro que aconteceu em 2017, foi encaminhada nesta terça para o Centro de Atendimento Socioeducativo Rita Gadelha, no bairro de Jaguaribe, em João Pessoa.
De acordo com a promotora da infância, Ivete Arruda, a criança não tem condições de voltar para a avó ou para a mãe e segue sendo assistida pelo Conselho Tutelar. Sobre a adolescente, a promotora explica que ela está em internação provisória por 45 dias, mas ressalta que o Ministério Público da Paraíba (MPPB) representou pela internação definitiva. Ela segue sendo acompanhada por médicos e psiquiatras.
O caso envolve uma série de atenuantes. A adolescente tinha 11 anos de idade quando foi estuprada pelo próprio padrasto e engravidou do atual filho de quatro anos. Ela informou ainda, em depoimento à promotora, que a mãe à época ficou em defesa do padrasto e a abandonou. O homem foi preso.
"Ela nos narrou que olhou para a criança na cama e veio na mente dela todas as cenas, como num filme, do que ela tinha passado durante os estupros. A dor que ela sentia, a afetação da dor... Ela decidiu tirar aquela dor e, pela segunda vez, tentou acabar com a vida da criança", conta Ivete Arruda.
A promotora, no entanto, explica que, provavelmente, a adolescente irá responder criminalmente pela tentativa de homicídio, mas todos os atenuantes devem ser levados em consideração, tendo em vista o histórico de violência no qual estava inserida desde a infância.
Relembre o caso
A mãe deu à luz ao menino aos 11 anos, em setembro de 2017, após ter sido estuprada pelo padrasto. A gestação só foi descoberta aos cinco meses, por meio de uma ultrassonografia, quando a criança foi levada pela avó para um posto de saúde.
Conforme o juiz Adhailton Lacet, o aborto legal não foi realizado porque a idade gestacional da menina já estava avançada, oferecendo riscos à saúde dela. O juiz também informou que o acusado de estupro chegou a ser condenado e atualmente cumpre pena.
Na época, mãe e filho chegaram a ser acolhidos por uma família, mas, após dois anos, eles voltaram para a casa de acolhimento. Enquanto estava com essa família, a adolescente relatou ter tentado afogar o menino em uma banheira, mas como não foi comprovado, a guarda da criança permaneceu com ela, e ambos eram assistidos pela Justiça.
No último domingo (17), a menina teria colocado o fio ao redor do pescoço da criança e, depois, fincado a caneta no pescoço dela. Quando sentiu que o filho estava realmente perdendo as forças, ela gritou por ajuda no centro de acolhimento que residia.
O menino de quatro anos segue internado em estado grave no Hospital de Trauma de João Pessoa.
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