COTIDIANO
Crimes contra o patrimônio crescem em Campina Grande
De acordo com a PM, entre roubos, furtos, arrombamentos e invasões, Campina Grande contabiliza, do início do ano até agora, 396 casos
Publicado em 22/02/2015 às 12:00 | Atualizado em 21/02/2024 às 15:53
Assaltos a ônibus, arrombamentos de escolas e roubos nas ruas são crimes que ocorrem diariamente em Campina Grande e afetam negativamente a qualidade de vida da população, que convive com a sensação de medo e insegurança. De acordo com o Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial (Ncap), do Ministério Público da Paraíba (MPPB), os crimes patrimoniais vêm aumentando consideravelmente na cidade, a ponto de mudar a rotina da população. A negligência dos próprios órgãos de segurança no combate à criminalidade e o déficit de recursos humanos na Polícia Militar são os fatores apontados pelo MP que contribuem para a incidência desse tipo de crime.
De acordo com o relatório do Centro Integrado de Operações (Ciop), da Polícia Militar, entre roubos, furtos, arrombamentos e invasões, a cidade somou, do início do ano até agora, 396 casos. Mas este número pode ser ainda maior, já que muitas vítimas não registram boletins de ocorrência, que são os documentos usados para que as estatísticas sejam determinadas. Um dos motivos que corroboram com essa prática é a sensação de impunidade e o temor vivido pela população, que cada vez mais evita sair de suas residências. Mas a criminalidade avança essa barreira e estão se tornando cada vez mais comuns casos de invasão de casas e arrombamento de escolas e comércios.
“Não me baseio somente em dados, mas também em fatos. É notória a violência e criminalidade que assolam Campina Grande. Ninguém sai para ir a uma padaria sem temer ser assaltado, ou ter a casa invadida. Ninguém pega um ônibus tendo certeza que está seguro. Reconhecemos que a violência está presente em todo o país, mas a população de Campina Grande está sendo aterrorizada com a recorrência dessas ações”, afirmou o promotor Marcus Antonius Leite, coordenador do Ncap, complementando que requereu das polícias, o balanço das ocorrências de cada tipo de crime.
Para combater o delito, o MP instaurou procedimento preparatório objetivando a efetivação de medidas de combate às ações criminosas. No dia 6 de março está prevista uma ampla reunião com órgãos ligados direta ou indiretamente à segurança pública, como as polícias Civil e Militar, Companhia de Trânsito, Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos (STTP), Guarda Municipal, dentre outros.
Segundo o promotor, a reunião foi convocada porque se nota pouco incentivo e ação dos órgãos públicos de segurança. “Os inquéritos policiais cresceram e amedrontam, mas aparentemente ninguém está tomando medidas eficazes de combate aos crimes patrimoniais praticados contra pessoas e estabelecimentos comerciais de Campina Grande, cuja violência também atinge escolas, transportes coletivos e, ainda, motoristas de automóveis, geralmente nas paradas e semáforos.]
Os registros envolvendo crimes patrimoniais apresentam aspectos de toda ordem. Há roubos e furtos considerados mais graves, mas todos contribuem para aumentar a sensação de insegurança na cidade. Para citar um fato curioso, o mesmo ônibus foi assaltado por dois dias consecutivos na cidade. O veículo circulava pelo bairro do José Pinheiro, na zona leste.
No entanto, há também casos menores. A polícia recebe diariamente denúncias de delinquentes agindo nas proximidades da área central de Campina Grande. A comerciante Débora Veloso, 28 anos, é um exemplo do medo que essa violência está causando. Traumatizada, ela não consegue sair do lugar onde trabalha, no centro da cidade, se não estiver acompanhada, ou com algum tipo de transporte.
“Eu simplesmente não saio, já fui assaltada três vezes na mesma rua. Muita gente acha que é um medo excessivo, mas somente eu sei pelo que passei. É uma situação horrível, você se sente incapaz e ainda é xingado, como se estivesse fazendo alguma coisa errada”, contou.
Arrombamento de escolas
Um dos casos mais recorrentes de crime patrimonial em Campina Grande é o arrombamento de escolas. A Escola Estadual Ademar Veloso da Silveira, em Bodocongó, já registrou seis ataques, somente no início deste ano. Segundo o promotor Marcus Antonius Leite, esse tipo de crime é menos sofisticado e também está relacionado à negligência do poder público, já que bastaria um vigia noturno para coibir esse tipo de ação nas unidades.
Os funcionários e alunos se sentem amedrontados com a ação frequente dos criminosos que insistem em atacar esses estabelecimentos. De acordo com uma professora, que não quis ter a identidade revelada, a falta de estrutura do local e a carência de segurança pública são os fatores que aumentam a sensação de insegurança na unidade escolar. “Nós ficamos aqui com medo de a qualquer momento ser feito um arrastão com os professores e alunos, porque o que tinha de equipamento para ser levado os bandidos já roubaram. A sensação que nós temos aqui é de completa insegurança”, desabafou.
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