COTIDIANO
Delegados da Paraíba são perseguidos ao investigarem crimes do 'colarinho branco', diz ex-superintendente
Publicado em 07/02/2020 às 11:53 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:44
Delegado disse que delegacia de combate à corrupção não foi estruturada. Em Itabaiana, delegado foi transferido após 'Pote de Ouro'
Além de dizer que foi pressionado a retirar o delegado Lucas Sá das investigações da 'Operação Cartola', o ex-superintendente da Polícia Civil em João Pessoa e atual vice-presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil da Paraíba (Adepdel), Marcos Paulo Villela, relatou uma realidade preocupante: delegados da instituição seriam transferidos e perseguidos ao investigarem crimes do 'colarinho branco', envolvendo agentes políticos.
"É muito fácil combater e fazer propaganda de crime violento, contra homicídios, roubos. Mas os verdadeiros criminosos são os de colarinho branco, que infelizmente no nosso Estado a nossa Polícia Civil quando tenta combater o delegado é transferido, o delegado é perseguido, a sua equipe é desmontada", afirmou, acrescentando que a delegacia de combate à corrupção ainda não tem estrutura suficiente para investigar os casos.
Não é possível afirmar que houve perseguição, mas um caso interessante aconteceu com as investigações da Operação 'Pote de Ouro', que apura desvios de recursos públicos na região de Itabaiana. O delegado do caso, Eduardo Portela, foi transferido por duas vezes após a divulgação do caso. Primeiro ele foi transferido de Itabaiana para a cidade de Serra Redonda, em novembro do ano passado. Depois, foi designado para trabalhar em Juripiranga, no mês passado.
Um detalhe que chama a atenção, nesse caso, é que o mesmo delegado foi designado em caráter especial para dar continuidade a inquéritos da Operação 'Pote de Ouro', mas dispõe de poucos agentes para executar o trabalho. Procurado pelo blog, Eduardo Portela evitou falar sobre o assunto e disse não saber os motivos de suas transferências.
Secretaria diz que transferências são por necessidade da gestão
Por outro lado o secretário de segurança do Estado, delegado Jean Nunes, diz que não há perseguições. De acordo com ele, as transferências são realizadas com base na necessidade da gestão. "Eu desconheço qualquer transferência por perseguição. Nunca foi tomada nenhuma medida dessa. Não se pode confundir isso com transferências por necessidade da gestão", garantiu. Com relação à delegacia de combate à Corrupção, o secretário explicou que por ter sido criada recentemente ela ainda está sendo estruturada.
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