COTIDIANO
"Depois que 'TÁ RUIM' chegou, nunca mais melhorou...!"
Publicado em 19/03/2019 às 8:10 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:36
Faz escuro, mas eu canto.
Era o nome do show que Sérgio Ricardo e Thiago de Mello faziam no Brasil dos anos 1970.
Faz escuro, mas eu canto.
Traduz bem aquele tempo e a presença de alguns artistas nas lutas da sociedade civil pela redemocratização.
O conjunto vocal MPB4 estava entre esses artistas.
Cinco CDs inéditos, acondicionados num pequeno box chamado Barra Pesada, mostram agora como eram os shows do quarteto entre 1973 e 1976.
São preciosos registros.
Conheci o MPB4 em 1967.
O Magro, Aquiles, Ruy e Miltinho acompanhando Chico Buarque em Roda Viva.
Belíssima canção de Chico. Eficientíssimo arranjo vocal do Magro.
O conjunto ficou associado a Chico porque esteve muitas vezes ao seu lado em estúdios e palcos. Mas a carreira desses quatro caras é admirável em discos e shows.
Os anos 1970 foram intensos para eles. Pude vê-los ao vivo em algumas oportunidades, entre João Pessoa e o Recife.
Lembro bem de Canto dos Homens - grande show! - em duas noites inesquecíveis no Teatro Santa Roza.
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O box Barra Pesada está dividido assim:
Disco 1: República do Peru.
Disco 2: Rua República do Peru.
Disco 3: República de Ugunga.
Disco 4: Recital.
Disco 5: MPB4 no Safari.
São cinco shows gravados ao vivo entre 1973 e 1976.
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Nos Estados Unidos, velhas gravações inéditas ao vivo quando transformadas em discos costumam ter uma qualidade técnica surpreendente. Vejam, por exemplo, os discos de Miles Davis da série bootlegs.
No Brasil, não é a mesma coisa. Mesmo os lançamentos oficiais de 40, 50 anos atrás não tinham a qualidade dos álbuns ao vivo daquela época nos Estados Unidos ou no Reino Unido.
Como é, então, o box do MPB4 no quesito qualidade de áudio?
Está longe de ser bom, mas é audível.
E tem uma importância histórica que valoriza muito o produto.
São registros de espetáculos nos quais o quarteto enfrentou os censores para subir ao palco. E nem sempre conseguiu.
Para quem admira o MPB4, o alto nível do repertório e a beleza das performances se sobrepõem a qualquer limitação técnica.
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"Depois que 'TÁ RUIM' chegou, nunca mais melhorou...!" é o que canta o MPB4 no show República do Peru.
Verso atualíssimo.
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