COTIDIANO
Detentos se rebelam em presídios de João Pessoa
Detentos se rebelam e causam tumulto e destruição em dois presídios na capital; rebelião durou cerca de 18 horas.
Publicado em 31/05/2012 às 6:30
Duas rebeliões coordenadas por detentos através do uso de celular mostrou a fragilidade do sistema carcerário na Paraíba.
Para instalar o caos e o pânico nas unidades prisionais, os detentos contavam com armas de fogo e até dinamites. O poderio de fogo dos apenados impressionou até mesmo a polícia, que deslocou um grande efetivo para controlar o motim que aconteceu por mais de 19 horas nos presídios Flósculo da Nóbrega, o presídio do Róger e no Complexo de Segurança Máxima PB1 e PB2.
A rebelião que foi iniciada às 19h da última terça-feira só terminou às 14h de ontem. O clima de tensão causado pelo motim, mobilizou a Vara das Execuções Penais, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Pastoral Carcerária e Defensoria Pública que acompanharam de perto as intensas negociações. A Polícia Militar chegou a ser recebida a tiros ao tentar entrar em um dos pavilhões controlados pelos rebelados.
Três dinamites foram detonadas pelos presidiários e quatro presos saíram feridos, um deles em estado grave. A rebelião que foi iniciada no presídio PB1 durante a noite da última terça-feira se alastrou ainda durante a noite para o Presídio do Róger e na madrugada já dominava completamente o presídio PB2. Os detentos atearam fogo em colchões, destruíram paredes e arrancaram grades do Complexo PB1 e PB2.
As negociações seguiram durante toda a madrugada, quando os apenados detonaram as três dinamites no Pavilhão 2 do presídio PB2. Conforme o tenente-coronel Arnaldo Sobrinho, gerente do Sistema Penitenciário, duas dinamites explodiram, causando total destruição, já uma outra dinamite foi lançada na água e acabou por falhar. Durante toda a madrugada a PM disparou tiros com bala de borracha, na tentativa de controlar o motim.
No início da manhã de ontem um detento foi ferido com um tiro na cabeça e chegou a perder massa encefálica. Erinaldo da Silva foi socorrido para o Hospital de Emergência e Trauma, em estado gravíssimo, e sua morte foi confirmada no início da noite.
Durante toda a manhã a movimentação foi intensa no Complexo Penitenciário, com entrada e saída constante de viaturas e ambulâncias.
“A rebelião começou com a queima de colchões e quebra de paredes. Tudo isso no PB1 e percebemos que eles queriam atingir apenados que se encontravam em outra ala e seriam de um grupo rival. Todo o nosso esforço foi no sentido de conter o tumulto e impedir que houvesse uma carnificina”, contou o secretário estadual de Administração Penitenciária (Seap), Washington da França Silva.
Os amotinados reivindicavam a presença do juiz da Vara das Execuções Penais, além da imprensa, e chegaram a afirmar que mantinham reféns, fato que foi negado pela Secretaria de Administração Penitenciária.
A princípio, a rebelião foi controlada no PB2 com a rendição dos presos que foram obrigados a se despir e logo após conduzidos para um local seguro da penitenciária para que a PM realizasse uma varredura. A negociação da PM então ficou centralizada nos detentos do PB1, que também resolveram sair. A varredura teve por objetivo localizar as armas utilizadas pelos presos, além de outros objetos.
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