COTIDIANO
Dia do Nordestino: por que a data é comemorada em 8 de outubro
Data foi estabelecida inicialmente no município de São Paulo para homenagear a cultura dos nordestinos.
Publicado em 08/10/2025 às 6:10 | Atualizado em 08/10/2025 às 19:37

O Nordeste é uma das principais regiões do Brasil, uma potência cultural, centro de inúmeras manifestações importantes em diversas áreas. E o povo nordestino é reconhecidamente um dos mais resilientes, intelectuais e produtores de muitos bens culturais.
De Ariano Suassuna a Luiz Gonzaga. Graciliano Ramos, Assis Chateaubriand a Pedro Américo. Música, literatura, artes, televisão e rádio. Em tudo o que diz respeito ao imaginário popular o nordeste tem um marco.
Nesse dia 8 de outubro é comemorado o Dia do Nordestino. O Jornal da Paraíba separou as principais informações do por que essa data é comemorada sempre no oitavo dia do mês de outubro e uma curiosidade: o primeiro local a oficializar a data como feriado foi o município de São Paulo, fora da região.
Por que o Dia do Nordestino é comemorado em 8 de outubro

Pelo menos duas figuras da cultura nordestina são associados como homenageados no Dia do Nordestino. Patativa do Assaré e Catulo da Paixão Cearense. Luiz Gonzaga, o "rei do baião", é associado a comemoração em 2 de agosto, após a mudança na lei em São Paulo.
A data incialmente foi associada e comemorada em 8 de outubro em homenagem a Catulo da Paixão depois de uma lei municipal, em São Paulo, em 2009, na qual a justificativa de proposição da lei faz alusão ao artista como homenageado. No entanto, o nome de Patativa do Assaré foi associado popularmente com o passar dos anos com a data.
Outro motivo para criação da data em São Paulo foi de que o povo nordestino que compôs grande parte da história da cidade. No entanto, essa lei foi revogada em 2019 e transferiu as comemorações do Dia do Nordestino para 2 de agosto, dia da morte de outro ícone do Nordeste, Luiz Gonzaga.
Apesar da mudança no papel e formalmente, devido ao período em que vigorou a lei anterior, a data de 8 de outubro foi simbolicamente utilizada por estados do próprio Nordeste para celebrar o povo nordestino e a sua cultura.
Nenhum estado nordestino, no entanto, oficializou a data como lei e feriado, ou seja, as comemorações são apenas em cunho alusório para o dia 8 de outubro.
O professor e mestre em História, José Cunha Lima, disse ao Jornal da Paraíba, que a mudança de datas representa uma "disputa", mas que no cerne não significa algo muito sério para a simbologia do nordestino.
"O cerne da questão sobre o 'Dia do Nordestino', ser no dia 2 de agosto ou no dia 8 de outubro, é uma mera discussão de data. O importante deve ser discutir a construção, definição e ratificação do nordeste enquanto um espaço cultural, industrial e tecnológico, que rompa com os preconceitos que emergem cotidianamente nas redes sociais", disse.
A promulgação da lei em São Paulo e Projeto de Lei para tornar data oficial no país

O município de São Paulo promulgou antes de estados do Nordeste o Dia do Nordestino, em 2009, de autoria do então vereador Francisco Costa, do PT, nascido no Rio Grande do Norte, e posterior mudança em 2019 para transferência da data, no âmbito municipal, para o dia 2 de agosto.
No entanto, o Senado Federal, no final de 2024, aprovou um Projeto de Lei para tonar a data oficial para todo o país, no calendário de comemorações nacionais. O projeto foi apresentado pelo senador Angelo Coronel (PSD-BA) e passou pelas comissões internas no senado para aprovação.
O projeto foi encaminhado para a Câmara dos Deputados ainda no final de 2024 e somente com aprovação na outra casa que o projeto se tornará uma lei efetivamente. Em relação ao andamento do processo dentro da Câmara, ele foi distribuído para comissões internadas analisarem a validade.
As Comissões de Cultura e Constituição e Justiça e de Cidadania vão avaliar o projeto. De acordo com a Câmara dos Deputados, o projeto tem prioridade na tramitação. A relatoria do projeto na Câmara ficará por conta da deputada Alice Portugal, do PCdoB, da Bahia.
Caso seja aprovada nas comissões, não será necessária apreciação em plenário da Câmara e a medida passa a entrar em vigor.
Também conforme o professor de história, o fato de São Paulo ter promulgado uma lei para homenagear os nordestinos primeiro que estados do Nordeste tem relação com a história da saída em massa de pessoas da região para a capital paulista.
O especialista ainda ressaltou que a questão da data deve ser motivo de orgulho para o povo nordestino e reafirmação da identidade.
"Este dia deve ser um momento de reafirmação da identidade baseada na resistência regional, muito além da imagem do nordeste como sendo a região da seca, da pobreza, da pureza cultural entre outros estereótipos instituídos no decorrer do tempo", disse.
Os homenageados no Dia do Nordestino

Os dois associados ao Dia do Nordestino, em 8 de outubro, são Patativa do Assaré e Catulo da Paixão Cearense.
Catulo da Paixão nasceu no Maranhão em 1866 e morreu, no Rio de Janeiro, em 1946. Ele é autor de obras que até os dias atuais marcam as artes brasileiras, como "Flor Amorosa", "Ontem ao Luar", "A Flor do Maracujá", "Recorda-te de mim", entre outras obras, que também contaram com ajuda no estágio de desenvolvimento de artistas como João Pernambuco e Pixinguinha.
O artista se autointitulava como o "Victor Hugo do Sertão", em referência ao escritor francês Victor Hugo, autor de obras que marcaram a história da literatura, como "Os Miseráveis", "O Corcunda de Notre-Dame" e ainda "Os Trabalhadores do Mar".
De acordo com a Biblioteca Nacional Brasileira, em um perfil feito para o artista, disse que Catulo da Paixão "aproveitou todas as oportunidades artísticas que teve na sua época, ficou na memória de um tempo musical pautado pelo lirismo, pela boemia e pelo romantismo exacerbado das serenatas".
Em relação à Patativa do Assaré, a associação com o 8 de outubro também se dá por conta da comemoração do centenário do poeta. Sobre a atuação de Patativa, ele foi referência em em diversas áreas, como cantador, repentista, compositor e referência da poesia popular brasileira.
Entre as principais obras de Patativa estão “Inspiração Nordestina” (1956) e “Cante Lá Que Eu Canto Cá” (1978).
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