COTIDIANO
Dia dos pais: como artista passou amor pela profissão para o filho e criou corrente na arte
Vant, um dos fundadores da Tribo Ethnos, levou para o grupo o filho Ayleen, que herdou o amor pela arte. História que inspira no Dia dos Pais.
Publicado em 10/08/2025 às 8:05

O Dia dos Pais chegou. A data, comemorada em 2025 neste domingo (10), é uma oportunidade para conhecer as relações entre pais e filhos. Entre elas, estão histórias de vida, superação e companheirismo.
Uma dessas histórias emocionantes é a do artista e músico Vant Vaz, um dos fundadores do grupo Tribo Ethnos, em João Pessoa. O grupo, além de performar artisticamente com dança, música e poemas, também se identifica como um movimento filosófico, pelo qual é possível sentir o mundo.
No seio desse movimento, está a história de Vant e o filho dele, Ayleen. A partir deles, o Jornal da Paraíba como uma história de família se mistura com a da Tribo Ethnos.
‘Ele nasceu na Tribo’
O coletivo Tribo Ethnos tem seu significado no próprio nome. Como diz Vant, esse nome evoca um significado de união, que vem de influência grega.
“O termo em si, Ethnos, é um substantivo grego que significa povo, nação, aldeia. E a gente colocou, escolhemos esse termo por uma simples vinculação com a cultura helenística mesmo, da influência grega ou greco-romana que a cultura ocidental tem, e ao mesmo tempo trazer as questões, vamos dizer assim, sociológicas e antropológicas do nosso tempo, misturadas com as culturas, com esses caldeirões de culturas que resultam no Brasil”, ressaltou.
Em meio a esse caldeirão cultural no Brasil e, em específico na Paraíba, nasceu o filho de Vant, Ayleen, que segundo o pai, desde pequeno bebeu profissionalmente, culturalmente e pessoalmente do coletivo.
“Ele nasceu na Tribo Ethnos. Então, ele ia na barriga da mãe, ia para os FENART, ia para tudo, todo canto que a gente ia, até porque a gente não tinha condição de estar pagando babá, a situação econômica era complicada. Então, ele acompanhava a mãe na barriga, depois, já bebê, desde os dois, três meses, ia para os eventos com a gente”, disse.

Depois do nascimento, Ayleen participou da Tribo Ethnos ativamente, em diversas fases da vida, e desenvolveu aptidão para as artes.
“Ele vivia indo para os eventos conosco. E aí eu dançava com ele, brincando com ele, até que, eu não vou lembrar o ano, mas ele acho que tinha seis anos, numa oficina que eu dei como voluntário na Escola Aruanda, nunca tinha feito aula comigo, mas naquela hora ele entrou numa oficina e começou a fazer os passinhos que eu ensinava nas aulas. Ele estava observando e já fazia. Aí pronto, daí ele não parou mais. Ele foi me acompanhando nos projetos que eu ia, nas aulas que eu dava, e tudo ele estava indo. Aí foi quando ele começou a dançar. E na tribo ele começa a fazer parte mesmo efetivamente a partir de 2006”, lembrou.
Esse início de Ayleen, antes mesmo de nascer, no mundo das artes e do pai, contribuiu ativamente para ele se tornar o artista dos dias de hoje na Tribo Ethnos. Pelo menos, é o que avalia o próprio Vant.
“Eu diria que não só sendo essa escola, mas sendo um lugar onde ele teve a oportunidade de conhecer pessoas, culturas, linguagens, das mais diversas. Isso deveria ter trabalhado a escolha que ele hoje tem a forma como ele vê o mundo e como ele faz a arte dele”, explicou.
O filho que se inspirou no pai: “foi uma sorte nascer nesse local”
Ayleen, filho de Vant Vaz, tem 27 anos. E como o próprio pai disse, ele nasceu na Tribo. O artista que se consolidou no coletivo disse que se considera muito sortudo por ter nascido nesse contexto.
"Pra mim foi uma sorte nascer nesse local, muitas apresentações, de conhecer muita gente, de ir pra vários lugares, de eventos como o FENART, de estar dentro da cultura hip-hop desde o início. É como se ali fosse um local de brincadeira e aprendizado. Então eu nasci nesse lugar, fui educado por ele, então pra mim foi muito massa poder estar nesse lugar de tanta diversidade e eu fui já me descobrindo, me achando nisso, que o meu pai foi me convidando a fazer parte", disse.

Nesse processo, ele diz que o pai Vant foi primordial. Isso porque sempre via a figura dele tocando o coletivo, as apresentações, aparecendo como uma figura de referência na jovem vida do filho.
"Pra mim, as memórias mais pungentes são os encontros. Apesar de não lembrar de muita coisa, é como se ali existisse uma força na lembrança de ser um evento que abriu águas pra cultura hip-hop daqui, pra break daqui. E... via ele lá pra aí como uma das pessoas que estava lá protagonizando, pensando todo o projeto. Então era muito bonito saber que aquilo era resultado da força dele, do corre dele, das ideias que ele estava querendo colocar no movimento cultural aqui dentro de João Pessoa", ressaltou.
Ayleen ainda explicou que acha que o pai se sente muito feliz com a trajetória dele dentro do grupo e que isso também deixa ele próprio muito satisfeito.
"Acho que como pai ele se sente feliz de o filho estar participando de um sonho que surgiu dele e de certa forma uma relação também, a relação de pai e filho dentro do coletivo da Tribo Ethnos. Então eu acho que a gente se entende de alguma forma dentro desse movimento", concluiu.
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