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COTIDIANO

Ditadura militar mexeu até com o afeto pelo Hino Nacional

Publicado em 02/07/2018 às 7:32 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:43

Nesta segunda-feira (02), o Brasil enfrenta o México pelas oitavas de final, na Copa da Rússia.

Por isso, começo o dia dizendo algo sobre o Hino Nacional.


				
					Ditadura militar mexeu até com o afeto pelo Hino Nacional

O maestro Moacir Santos considerava o Hino Nacional Brasileiro muito longo e difícil de ser cantado. Em suas complexas conversas sobre música, chegava a defender que o Brasil tivesse outro hino. E não escondia o desejo de compô-lo.

Como ele morava há muitos anos nos Estados Unidos, penso que tinha como parâmetro o Star Spangled Banner, que é breve.

O hino brasileiro é tão longo que costumamos cantar somente a primeira parte. Mas isso não o torna menos belo. Nem mexe com a relação afetiva que temos com ele.

Os hinos nacionais estão associados a um conjunto de emoções que é construído ao longo dos anos.

Muitos dos que cresceram sob a ditadura militar e eram contra o regime de exceção tiveram dificuldades com os chamados símbolos da pátria.

O compositor Sérgio Ricardo tratou do tema ao cantar o Hino à Bandeira num show em plena ditadura.

Emocionava a plateia. Sugeria que havia algo maior do que o momento histórico em que vivíamos.

Conheço pessoas que só se reconciliaram com o Hino Nacional nos estertores da ditadura militar.

Para elas, o marco foi o filme Memórias do Cárcere, de Nelson Pereira dos Santos, em que se ouve a fantasia que o compositor Gottschalk escreveu sobre o Hino Nacional Brasileiro.

Louis Moreau Gottschalk era um americano que viveu no Brasil do Império.

Sua fantasia foi usada também na cobertura do funeral do presidente Tancredo Neves.

Em 2016, Paulinho da Viola encantou a todos com uma versão minimalista do Hino Nacional, na cerimônia de abertura dos jogos olímpicos do Rio.

O mestre do samba só não foi tão minimalista quanto João Gilberto, que, de vez em quando, surpreendia a plateia ao incluir o hino no set list do seu show.

Imagem

Silvio Osias

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