COTIDIANO
DORIVAL CAYMMI
Publicado em 16/02/2018 às 7:25 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:43
João Gilberto revolucionou a música popular do Brasil com a Bossa Nova. A chave está na batida que criou ao violão. E no diálogo do instrumento com a sua voz. Um negócio que parece simples, mas que é de alta complexidade.
Voz e violão. Antes de João, há Dorival Caymmi (foto de Evandro Teixeira).
Igualmente baiano. E inventor. A nossa canção moderna passa necessariamente por ele. O artesanato perfeito. Melodia, harmonia, letra. Casamento indissolúvel entre letra e música. Imagens extraordinárias criadas pelos dois elementos.
Caymmi, voz e violão. Não há violão brasileiro sem ele. Nem banquinho e violão, como vimos a partir da Bossa Nova.
Caymmi, mínimo e máximo. Obra numericamente pequena. Pouco mais de 100 músicas. Se pensarmos em qualidade, e em influência, imensas!
Canções praieiras. Um gênero. Originalmente, oito num disquinho de dez polegadas. Depois vieram outras. “É doce morrer no mar”. Ou “o pescador tem dois amor”. Ou “era só jogar a rede no mar”. Ou “a Estrela Dalva me acompanha”. Difícil acreditar que elas existam!
E tem os sambas. Os sambas de Caymmi. “Acontece que eu sou baiano”. “Amar é tolice, é bobagem, é ilusão”. “A vizinha quando passa”. João passa por eles. E Gil. E Caetano. Até Tom. Os primeiros versos do Samba do Avião – poucos sabem – são de Caymmi. “Ê, Xangô, vê se me ajuda a chegar”.
Caymmi, infinito em cento e poucas canções. Marina, moderníssimo samba-canção. Dora, o Recife visto por um baiano. Como poucos pernambucanos viram. João Valentão. O final beira a perfeição. Ou atinge.
E a família? A mulher, cantora que não fez carreira. Stella Maris. Estrela do Mar. Os filhos. Nana, Dori, Danilo, lindas vozes. A zelar pelo legado do pai.
Canções Praieiras. Sambas de Caymmi. Eu Vou pra Maracangalha. Caymmi e o Mar. Caymmi e seu Violão. Discos gravados na velha Odeon. Todo o Caymmi está neles.
Dorival Caymmi, o popular que melhor ouviu os eruditos.
Viva Caymmi!
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