COTIDIANO
Economista que morreu na África é homenageado no Rio de Janeiro
Ato foi feito na Praia de Ipanema, Zona Sul do Rio. Corpo deve chegar ao Brasil neste sábado; velório deve ser no domingo.
Publicado em 08/08/2009 às 15:18
Do G1
Gabriel morreu dormindo, em meio a flores. Foi o que afirmou a mãe do economista Gabriel Buchmann, durante a homenagem prestada por parentes e amigos neste sábado (8) na Praia de Ipanema, Zona Sul do Rio.
Para demonstrar o quanto o filho gostava da natureza, Fátima Buchmann leu um poema de Fernando Pessoa, o preferido de Gabriel, segundo ela.
O poema diz: “se Deus é as flores e as árvores e os montes e sol e luar, então acredito nele”. Emocionada, a mãe e a irmã de Gabriel, Nina Buchmann, leram ainda a oração de São Francisco de Assis.
O brasileiro morreu enquanto fazia uma trilha no Monte Mulanje, no Malauí, na África. Seu corpo foi encontrado na quarta-feira (5) pelas equipes de busca. Ele estava desaparecido desde o dia 17 de julho, quando teria dispensado um guia que o acompanhava na trilha.
Os peritos que realizaram a necrópsia do corpo do brasileiro afirmaram que ele não resistiu à baixa temperatura e morreu de hipotermia. As equipes que participaram das buscas disseram que encontraram o corpo em uma espécie de ninho, que teria sido feito por Gabriel para tentar se proteger do frio, caído em um vale a mil metros de altura. O corpo foi retirado do monte com a ajuda de um helicóptero contratado pela família.
E a homenagem foi prestada justamente em um dia de sol e calor, num dos lugares preferidos do economista: a praia. A todo momento, amigos lembravam a alegria de Gabriel. “Sempre tive muito orgulho do meu filho. Mais do que um economista brilhante, ele quis ver a pobreza de perto. Em cada lugar que ele passou, deixou lições de solidariedade”, emocionou-se Fátima.
O economista estava viajando desde julho de 2008. Ele percorreu 26 países da Ásia e África, como preparativo para um doutorado sobre políticas públicas de apoio a populações pobres.
O objetivo do jovem era conhecer diversos países para investigar sobre a distribuição de renda em cada região. A passagem de volta para o Brasil estava marcada para o dia 28 de julho.
Vestida com a blusa do Flamengo, time do irmão, Nina completou o discurso orgulhoso da mãe: “Meu irmão era inteligentíssimo e ao mesmo tempo uma pessoa desprendida”. Pendurado no pescoço de Nina, um anel comprado em Israel, que seria um presente para o irmão na volta ao Brasil.
Segundo amigos, o corpo de Gabriel chega ainda neste sábado de Johannesburgo em São Paulo, e será levado, por terra, até o Rio. O velório está previsto para acontecer às 10h de domingo, no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária do Rio. A previsão é que o corpo seja cremado na segunda-feira (10).
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