COTIDIANO
Emenda Dante de Oliveira, das Diretas Já, foi derrotada há 35 anos
Publicado em 25/04/2019 às 6:27 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:35
Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela Eu achei que era ela puxando o cordão Chico Buarque
Era início de 1984.
Em João Pessoa, na Praça do Povo do Espaço Cultural, o público assistia ao show do Trio Elétrico Dodô & Osmar.
Da beira do palco, alguém jogou um bilhete para Osmar, o patriarca da família Macedo.
Ele abriu o bilhete e, entre uma música e outra, leu em voz alta o que estava escrito:
Osmar! Pede diretas já para presidente!
Nem precisou. A leitura do bilhete já era um pedido.
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A campanha pela volta das eleições diretas para presidente começou em 1983.
Mas só conquistou dimensão nacional em 25 de janeiro de 1984, dia do aniversário de São Paulo, quando um comício reuniu 300 mil pessoas na Praça da Sé.
Dali a três meses, a Câmara votaria a Emenda Dante de Oliveira, que devolveria ao povo o direito de escolher pela via direta o presidente da República.
A última eleição, de Jânio Quadros, havia sido realizada em 1960.
A ruptura foi em 31 de março de 1964, quando um golpe militar depôs o presidente João Goulart, o vice que assumira na renúncia de Jânio.
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Diretas Já. Eu quero votar para presidente!
Era assim que estava escrito naquelas camisas amarelas que usávamos com orgulho cidadão e alguma esperança.
Foram três meses de intensas atividades.
Um pedaço expressivo da sociedade civil abraçou a causa.
A Folha de S. Paulo botou na capa:
Vista amarelo pelas diretas já!
Mas a emenda do deputado peemedebista Dante de Oliveira não foi aprovada.
Faltaram 22 votos naquela noite/madrugada com Brasília sitiada pelas tropas do general Newton Cruz.
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Perdemos, mas ganhamos.
A campanha das diretas abriu caminho para a volta dos civis à presidência, no ano seguinte, com a eleição (ainda indireta) da chapa Tancredo Neves/José Sarney. Seguiram-se a promulgação da Constituição de 1988 e a retomada das eleições diretas para presidente em 1989.
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Foi bonita a festa - faço meu o verso de Chico sobre a lusitana Revolução dos Cravos.
Quem foi às ruas com aquela camisa amarela sabe do que estou falando.
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