COTIDIANO
Empresária 'fantasma' investigada na Famintos tinha irmã fictícia com empresa milionária
Publicado em 02/09/2019 às 11:44 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:40
Segundo o MPF as empresárias seriam fictícias, mas os milhões recebidos em contratos com prefeituras eram 'reais'
A história é até confusa e quase inacreditável, mas merece ser contada. As investigações realizadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal revelam que a empresária fictícia Delmira Feliciano Gomes, dona da empresa distribuidora de merenda escolar Delmira Feliciano Gomes ME, investigada na Operação Famintos, tinha uma irmã também fictícia. Trata-se, de acordo com a denúncia do MPF apresentada à Justiça, de Darliane Feliciano Gomes.
E as coincidências não param por aí. Darliane, segundo o MPF, também teria sorte no ramo empresarial e em contratos com prefeituras paraibanas. Ela seria uma das responsáveis pela empresa HNM Comércio de Alimentos LTDA, que foi aberta no dia 10 de novembro de 2011 e teria recebido de lá para cá mais de R$ 1,7 milhão de prefeituras do Estado.
A empresa HNM Comércio de Alimentos, porém, não está entre as investigadas pela Operação Famintos e, segundo a Polícia Federal, ainda não é possível dizer que a irmã fictícia de Delmira (Darliane) tenha sido criada pelo mesmo esquema.
As duas pessoas fictícias possuem dados semelhantes a duas irmãs, moradoras de Campina Grande. Mas em depoimento à Polícia Federal elas disseram que não tinham conhecimento da existência das 'fantasmas' (Delmira e Darliane) e nunca tiveram qualquer envolvimento nas supostas fraudes.
O caso da Delmira
A empresa foi criada em 2013 e participou de 20 licitações em Campina Grande, saindo vitoriosa em 18 delas. Com uma proprietária fictícia, o empreendimento era representado por procuração por Frederico de Brito Lira e Flávio Souza Maia, segundo a Polícia Federal.
“Nesse cenário, há evidências de que Flávio Souza Maia atua como longa manus do seu patrão Frederico de Brito Lira no controle da pessoa jurídica Delmira Feliciano Gomes ME, de modo que ambos, notadamente o segundo, foram os responsáveis por constituir a empresa de fachada e por criar a pessoa fictícia Delmira Feliciano Gomes”, narra um outro trecho da representação do MPF.
Famintos 1
As investigações foram iniciadas a partir de representação junto ao MPF, que relatou a ocorrência de irregularidades em licitações na Prefeitura de Campina Grande (PB), mediante a contratação de empresas “de fachada”. Com o aprofundamento dos trabalhos pelos órgãos, constatou-se que desde 2013 ocorreram contratos sucessivos, que atingiram um montante pago de R$ 25 milhões. Dois secretários municipais (Administração e Educação) foram afastados pela Justiça.
A CGU, durante auditoria realizada para avaliar a execução do PNAE no município, detectou um prejuízo de cerca de R$ 2,3 milhões, decorrentes de pagamentos por serviços não prestados ou aquisições de gêneros alimentícios em duplicidade no período de janeiro de 2018 a março de 2019.
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