COTIDIANO
Ex-reitor da UnB é denunciado por formação de quadrilha
Timothy Mulholland é acusado pelo Ministério Público Federal de desviar dinheiro público. Dois ex-funcionários da UnB também foram denunciados.
Publicado em 04/07/2008 às 7:31
Do G1
O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) pediu à Justiça Federal abertura de processo contra o ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, por formação de quadrilha e peculato (crime praticado por funcionário público quando usa o cargo para tirar proveito próprio).
Também foram denunciados o ex-diretor da Editora UnB, Alexandre Lima, e dois ex-funcionários da editora: Elenilde Duarte e Cláudio Machado. Eles são acusados pelos procuradores da República Raquel Branquinho e Rômulo Moreira de montar uma organização criminosa para desviar recursos públicos arrecadados pela UnB e repassados às suas fundações de apoio
A denúncia foi encaminhada à Justiça na última quinta-feira (26). A informação foi divulgada nesta quinta (3) pela assessoria do MPF. Agora, a 12ª Vara da Justiça Federal no DF vai decidir se aceita a denúncia e abre processo contra os acusados. As penas para os crimes variam de um a doze anos de prisão, além de multa.
Outro lado
O G1 tentou entrar em contato com Timothy Mulholland e Alexandre Lima, mas eles não foram localizados. Os telefones que constam na denúncia do Ministério Público não estão atualizados. A assessoria da UnB informou que não vai se manifestar sobre as acusações contra o ex-reitor. O G1 entrou em contato com familiares de Elenilde Duarte e Cláudio Machado e aguarda retorno.
Convênios - Segundo o Ministério Público Federal, os desvios teriam ocorrido em convênios firmados entre a Fundação Universidade de Brasília (Fubra) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para prestação de serviços de saúde às comunidades indígenas Yanomami, em Roraima, e Xavantis, em Mato Grosso.
A UnB teria subcontratado, sem licitação, a Fubra e a Funsaúde – fundações de apoio da instituição - para executar as atividades. Cerca de 67 milhões de reais teriam sido repassados à UnB e às duas fundações. Mas, segundo as investigações, o dinheiro teria sido usado para pagar festas, viagens, jantares, móveis e eletroeletrônicos para uso particular dos envolvidos.
De acordo com a denúncia, o esquema de desvio funcionava por meio do recolhimento de uma suposta taxa administrativa pelas fundações de apoio. Parte dos recursos repassados pela Funasa iria para uma conta bancária à parte. O dinheiro não integraria a contabilidade das fundações e seria movimentado de forma paralela.
Segundo os procuradores que assinam a denúncia, Alexandre Lima teria sido designado por Timothy para assumir a gestão dos recursos repassados pela Funasa. Ele indicaria pessoas de confiança na editora para atestar a execução de serviços supostamente realizados nos projetos Xavantis e Yanomamis. Nesta função agiriam Elenilde Duarte e Cláudio Machado, ex-coordenadores de projetos da editora. Em troca, eles indicariam parentes e amigos para serem incluídos na folha de pagamento das fundações.
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