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COTIDIANO

Farc têm de se regenerar ou morrer, diz Ingrid Betancourt

Em São Paulo, ex-refém da guerrilha agradece a Lula pelo apoio. Ela disse que quer ficar afastada seis meses para escrever memórias.

Publicado em 06/12/2008 às 9:13

Do G1

A ex-senadora franco-colombiana e ex-refém Ingrid Betancourt disse em entrevista nesta sexta-feira (5) que a guerrilha das Farc, que a manteve refém durante seis anos na Colômbia , só tem duas opções: se regenerar ou morrer.

Ingrid, libertada pelos guerrilheiros após uma bem sucedida operação do Exército da Colômbia em 2 de julho, esteve em São Paulo nesta sexta. Em um encontro com o presidente Lula (assista ao vídeo), ela agradeceu pelo apoio dado em seu processo de libertação.

Ingrid disse que Lula fez muito pela sua soltura e dos outros companheiros, e que muitas vezes ele atuou de maneira discreta e anônima. Segundo ela, o apoio do presidente brasileiro foi decisório, pois ele tem "os melhores contatos com os presidentes da América Latina."

Ingrid, que vive na França desde que foi libertada, disse ter entregue a Lula uma carta do presidente da França, Nicolas Sarkozy, na qual o francês elogia o brasileiro e diz que ele tem sido um "aliado extraordinário" na luta contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

A ex-refém criticou as Farc, dizendo que a guerrilha não tem um pensamento político e que atua de maneira terrorista. Ingrid disse que pretende permanecer seis meses afastada para escrever um livro de memórias.

Ela confirmou que não almeja nenhum cargo político na Colômbia. "A política que sonho é uma política de valores e princípios e não uma política baseada no dinheiro e na politicagem que vemos muito hoje em dia."

A ex-senadora voltou a elogiar o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, pela operação de resgate que a libertou, mas disse que tem divergências com ele. Segundo ela, Uribe só vê a via militar de enfrentamento com a guerrilha, enquanto ela acredita que existe um caminho social, que passa pelo resgate dos jovens hoje cooptados pelos guerrilheiros.

A colombiana disse que a operação de resgate, que ludibriou os guerrilheiros, foi "extraordinária", mas dificilmente poderia ser repetida. "A um cão, não se capa duas vezes", disse.

Ela também afirmou que não se sente mais insegura depois da saída do cativeiro, mas admitiu que ainda tem pesadelos sobre os dias em que permaneceu na selva.

Imagem

Jornal da Paraíba

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