COTIDIANO
Gilberto Gil diz que é para pensar na morte todos os dias
Publicado em 09/05/2017 às 8:09 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:45
Admirável a entrevista de Gilberto Gil no programa de Pedro Bial.
A morte como tema.
O tema tratado por um homem que fará 75 anos em junho e que, no ano passado, passou mais de 80 dias hospitalizado para tratar um quadro de insuficiência renal e hipertensão.
Um homem que orgulha o Brasil com sua música e suas atitudes.
Uma vez, num reencontro com Gil, no backstage de um show, disse a ele que havíamos perdido um amigo comum, o psiquiatra a quem chamávamos de Kali. E falei de outras mortes. Do meu único irmão. De Caixa D'Água, poeta das ruas de João Pessoa.
Ouvi como resposta:
Smetak me ensinou que devemos refletir todos os dias sobre a inevitabilidade da morte.
Lição transmitida. Lição que tento assimilar. Não é fácil.
Lição associada a outro tema: o envelhecimento.
Você é um menino!
Disse Gil a Bial, que está beirando os 60. Eu também estou. Faço 58 no dia em que Gil faz 75.
Outra de Gil, da época em que chegou aos 60 anos, 15 anos atrás:
É o limiar da velhice.
Deve ser o momento em que se faz ainda mais necessária a reflexão diária sugerida por Smetak.
Gil é filho de um médico. Cresceu numa cidade pequena, vendo a morte de perto. As urgências que seu pai atendia, os pacientes que não conseguia salvar, os mortos velados nas casas.
Gil é luminoso. Luminoso na sabedoria acumulada. Luminoso na simplicidade. Nos gestos generosos. No afeto.
Falando da vida e da morte nas letras das suas canções.
Não Tenho Medo da Morte. Talvez a mais impactante. Não Tenho Medo da Vida. Essa foi pedida por Rogério Duarte, já com o câncer que lhe tiraria a vida.
Gosto muito de um samba de Gil dos anos 1970. Então Vale a Pena. Tão pouco lembrado! Simone gravou.
Fecho com ele:
Se a morte faz parte da vida
E se vale a pena viver
Então morrer vale a pena
Se a gente teve o tempo para crescer
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