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COTIDIANO

Hipnose na odontologia: quando o que vale é não sentir dor ou medo

Publicado em 30/04/2016 às 15:00

Considerada uma arte "charlatã" no passado, hoje a hipnose é utilizada com seriedade em consultórios e hospitais. A técnica já é usada como terapia complementar para áreas da medicina, psicologia, odontologia, fisioterapia, dentre outras. Caracterizada por um estado de profundo relaxamento e aumento da concentração, a hipnoterapia trata questões emocionais como ansiedade, depressão, estresse, traumas ou até mesmo fobias.
A técnica ainda auxilia na motivação e aumento da força de vontade, como apoio no alcoolismo, tabagismo e dependências químicas de forma geral, na obesidade, medo de dirigir, na preparação de estudantes aos vestibulares e concursos, no desempenho geral de atletas e muitas outras aplicações. No Brasil, o primeiro Conselho Federal a reconhecer a hipnose como ferramenta de tratamento, de forma cientifica, foi o de Odontologia, seguido pelo de Medicina, Psicologia e, por último, o de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
Na Paraíba, o tratamento ainda é pouco conhecido e praticado. Um dos poucos locais que utilizam a técnica da hipnoterapia no tratamento dos problemas bucais é o Atelier do Sorriso São Rafael, que dispõe de um espaço inteiramente dedicado a essa prática.
De acordo com a dentista especialista Taís Cristina da Rosa, os pacientes da hipnoterapia saem satisfeitos com novas perspectivas, pois o tratamento tem eficácia comprovada. Além disso, agrega resultados positivos em tratamentos odontológicos em crianças. “Ela serve como apoio nos problemas relacionados a dores e disfunções da mastigação, bruxismo, dores da ATM, e também remoção de hábitos de chupar dedos e chupetas”. Conversamos com a profissional sobre o assunto na que segue.
Quais os objetivos terapêuticos com a utilização da hipnose na odontologia?
O principal objetivo é tirar o trauma dos pacientes. Muitos pacientes têm medo de ir ao dentista e às vezes não conseguem nem entrar no consultório e nem na clínica. Esses pacientes chegam suando frio, faltam as consultas e inventam milhares de desculpas para não vir, sabendo que precisam. Então eles ficam naquela de “eu tenho que ir e não consigo”.
Em que situações se faz necessário o uso da hipnose?
A hipnose serve principalmente para tirar o medo. É também usada em alguns casos para dor e para diminuir o limiar de sensibilidade, porque têm pacientes que qualquer coisinha dói muito, então a gente consegue diminuir a dor com a hipnose.
Todo paciente é passível à utilização da técnica?
Sim, todo paciente é passível. Tem uns que demoram mais e outros que demoram menos. Depende do paciente. Quanto mais cético for o paciente, o tratamento demora um pouquinho mais porque ele fica mais alerta. Ele não consegue entrar em sono terapêutico e não consegue relaxar muito. Então leva mais algumas sessões para ele ter confiança.
O que levou à utilização dessa técnica em seu consultório?
Eu percebia o medo do paciente. A maior queixa não era financeira, não era de tempo, e sim, de medo. Os pacientes faltavam por medo ou simplesmente não procuravam o dentista, e quando vinham ao consultório, já chegavam com a boca bem prejudicada. Nesses casos a gente já tinha que fazer procedimentos mais invasivos como extração e cirurgias, sabendo que antes o problema seria resolvido ou com uma limpeza ou com uma restauração. Esses, geralmente, são pacientes que acabam tendo outros problemas na cadeira do dentista como hipertensão, por exemplo, de tão ansiosos que ficam.
Como tudo começou?
A utilização desse tratamento no Atelier começou porque eu fui pesquisar na internet uma técnica que resolveria esse medo. Acabei encontrando o dr. Luiz Carlos Crozera (fundador e diretor do Instituto Brasileiro de Hipnologia e Sociedade Ibero Americana de Hipnose Condicionativa), vi alguns vídeos dele no youtube, me interessei e fui atrás. Gostei muito da técnica e fiz no Hospital do Exército, no Recife. Foi maravilhoso, vários médicos do hospital estavam lá, assim como pessoas do Brasil inteiro. A hipnose é tanto utilizada na odontologia como também na advocacia, polícia, psicologia, direito... é uma técnica muito eficiente.
É verdade que a hipnose na odontologia pode tornar certos pacientes hipersensíveis imunes à dor durante o tratamento, dispensando a anestesia, ou é mito?
Sim, é verdade que a pessoa pode ficar com o limiar de dor bem baixo. Às vezes não precisa nem de anestesia, mas o paciente tem o livre arbítrio. Mesmo que seja tirado o trauma, o paciente pode voltar a ter medo e dor, dependendo até da atenção dada pela mãe, pelo dentista ou por outra pessoa. Então depende muito do paciente. Ele tem que querer não ter medo.
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Jornal da Paraíba

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