COTIDIANO
“Hollywood Em Outras Línguas”
Crítico de cinema João Batista de Brito lança livro sobre a tradução de títulos de filmes no Brasil.
Publicado em 25/11/2009 às 10:47
Do Centro de Cultura Zarinha
Por que o filme de Hitchcock “Vertigo” (“Vertigem”, na tradução literal) tem no Brasil o título de “Um Corpo que Cai”? Por que na França o chamam de “Suores Frios” (“Sueurs Froides”), na Alemanha de “No Reino dos Mortos” (“Auf dem Reich der toten”), e na Itália de “A Mulher que Viveu Duas Vezes” (“La Donna che Visse Due Volte”)?
Tão diferentes do original, esses títulos estrangeiros não seriam fatores influentes na interpretação local do filme? Em ““Hollywood em Outras Línguas – A Tradução de Títulos de Filmes e Seus Problemas”, o crítico cinematográfico João Batista de Brito une a sua paixão pelo cinema ao seu amor pelas línguas estrangeiras e investiga como, por que e com que consequências o cinema americano foi traduzido – ou mais precisamente, re-intitulado – em cinco países de línguas diferentes: Brasil, França, Alemanha, Itália e Espanha, incluindo alguns dos países homófonos, como Portugal e Argentina. O livro será lançado no dia 26 de novembro, quinta-feira, às 19h30, no Zarinha Centro de Cultura (Av. Nego, 140, Tambaú).
Uma publicação da Universidade Federal da Paraíba, este é o oitavo livro de João Batista. Nele, o crítico levanta a hipótese de que os novos títulos dados refletiriam um perfil antropológico de cada um desses países re-intituladores. Se por trás desses novos títulos, há a intenção de ser mercadológico, como parece, cada um desses países possui uma maneira bem particular de ser mercadológico, e, segundo João Batista, é nessa maneira particular que residiria o viés antropológico do problema.
Como o famoso “O Comboio Apitou Três Vezes”, nome dado na França ao faroeste “High Noon” (“Meio dia” no original, e “Matar ou Morrer” no Brasil), muitos dos títulos imputados por estrangeiros aos filmes americanos são estapafúrdios e ridículos – porém, o que o leitor vai encontrar em “Hollywood em Outras Línguas” não é uma lista de títulos curiosos, mas estudos semióticos onde estes novos títulos interpretados a partir do conteúdo do filme e analisados à luz de uma incipiente mas efetiva teoria da recepção.
De tal modo que – seja para especialistas, seja para espectadores comuns – a leitura resulta, ao mesmo tempo, divertida e instrutiva. Original no seu enfoque, “Hollywood em Outras Línguas” propõe uma nova maneira de ver o cinema, sugerindo um viés analítico-interpretativo até agora pouco ou mal considerado: a leitura do filme pelo dado recepcional das suas re-intitulações estrangeiras. O livro tem apresentações de Vilani Sousa e Mirabeau Dias.
Sobre o autor
Com ampla atuação nos cadernos de cultura da imprensa local, João Batista de Brito é conhecido como crítico cinematográfico. Muitos de seus ensaios sobre cinema foram reunidos em livros, como “Imagens Amadas” (Ateliê Editorial, 1995) e “Passou no Bangüê: Ensaios de Cinema” (Funesc, 1997).
Formado em Letras, com mestrado e doutorado em Literatura, João Batista de Brito também pratica a crítica literária, como está em seus livros: “Poesia e Leitura – Os Percursos do Gozo” (Funesc, 1989), “Leituras Poéticas” (Memorial da América Latina, 1997) e “Signo e Imagem em Castro Pinto” (Ed. UFPB, 1995) – este último sua tese de doutorado em Literatura Brasileira.
Já o elemento cinematográfico e o literário estão reunidos em seu último livro “Literatura no Cinema” (Unimarco, 2006), obra inteiramente dedicada ao estudo do fenômeno da adaptação. Detentor do Prêmio Antônio Barreto Neto de crítica cinematográfica, concedido pelo Fest Aruanda 2008, João Batista de Brito também é membro da Academia Paraibana de Cinema.
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