COTIDIANO
Hospital Clementino Fraga está lotado há um mês: 'saindo paciente e chegando outro', diz diretor
Diretor do hospital, Fernando Chagas, falou sobre o trabalho realizado em um ano de pandemia.
Publicado em 18/03/2021 às 15:38 | Atualizado em 18/03/2021 às 18:40
O Hospital Clementino Fraga, referência para tratamento de pacientes com Covid-19 em João Pessoa, está com todos os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados há cerca de um mês, segundo o diretor do local, o médico infectologista Fernando Chagas. Em entrevista ao Bom Dia Paraíba, da TV Cabo Branco, nesta quinta-feira (18), o médico relatou o período difícil pelo qual tem passado nas últimas semanas, com o avanço da pandemia do novo coronavírus.
Segundo Chagas, a cada leito que vaga, um novo paciente chega, muitas vezes, da enfermaria do próprio hospital. É que muitos pacientes evoluem rapidamente para um quadro grave de Covid-19, necessitando de tratamentos mais intensivos e UTI.
"Infelizmente, estamos lotados há praticamente um mês. É saindo paciente e chegando outro. Estamos muito preocupados. A gente teve que fazer todo um replanejamento porque estamos reabrindo leitos de UTI, mas os pacientes chegam muito mais rápido do que conseguimos preparar novos leitos", disse.
O médico também explicou que a permanência dos pacientes em leitos de UTI é maior que a registrada em 2020. Eles passam, em média, de 13 a 15 dias entubados, o que tarda a desocupação do leito para que um novo paciente seja internado.
"Estamos todos nessa corrida para abrir novos leitos e manter o bom atendimento pra salvar vidas. Mas precisamos reconhecer que há um limite. Temos capacidade, a questão é a permanência dessa situação... Manter uma boa assistência acaba sendo um enorme desafio, porque se tem muita gente e não tem muito profissional, fica difícil prestar um bom atendimento e isso pode, inclusive, causar mortes. É uma situação muito delicada", explica.
Fernando Chagas está na linha de frente de combate à pandemia há um ano. Era médico intensivista no Clementino Fraga, e passou a ocupar o cargo de diretor da unidade. Ele comenta que acreditou ter passado pelo pior momento da crise da Covid-19 em meados de maio de 2020, mas agora reconhece que o momento mais crítico chegou em 2021.
"Acreditei que o pior momento era lá atrás, entre maio e junho, e agora sei que não. O pior momento é esse aqui: um vírus muito mais feroz que provoca casos de gravidade não só em idosos, mas em jovens, e com capacidade de transmissão muito maior", alerta.
Ele também falou que nas próximas semanas a demanda por atendimento inicial (nas UPAs) deve mostrar o efeito das medidas de isolamento impostas pelo Governo do Estado. Confessou não acreditar que ainda existem pessoas que negam a pandemia, e fez um alerta para que cuidados de prevenção, como uso correto da máscara e distanciamento social, sejam seguidos.
"Todos nós estamos cansados, e chegar em ambiente de festa e praia acaba levando a gente a descer um pouco e ser duro nas palavras. Ninguém quer ser chamado de irresponsável, mas é muito difícil. Temos visto o trabalho dos colegas, da imprensa, mas ainda tem pessoas que insistem em dizer que a pandemia não existe. Só peço que essas pessoas não passem na pele o sofrimento que todos nós estamos passando", concluiu.
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