Houve, sim, "Lula livre!" e "Lula-lá!" no show de Chico Buarque!

Nesta segunda-feira (07), escrevi sobre o show de Chico Buarque no Recife.

No Facebook, um leitor fez um comentário que chamou minha atenção.

Transcrevo.

"Como sempre é bom saber o que está acontecendo no mundo das artes, da música, enfim, da cultura de um modo geral, através do refinado texto de Silvio Osias.

Sem dúvida, o articulista possui uma respeitável folha de serviços prestados ao bom jornalismo paraibano, nesta e em outras áreas.

Seus escritos, recheados de informação, pontuados com elegância e agradáveis de ser lidos, fazem parte do meu cardápio de leitura todas as manhãs.

Dito isto, pergunto: Nada mais teria acontecido no show de Chico Buarque, em Recife, que fosse digno de nota?

Acredito que para onde vai, Silvio nunca deixa de levar o jornalista . Será que o jornalista foi dessa vez?

Ou será que ele adotou a máxima da canção de Gil, ou seja, “louvando o que bem merece e deixando o que é ruim de lado”? Isto se baseado na sua respeitável (porém discutível) opinião sobre os rumos do Brasil atual.

P.S. Retiro tudo que disse se no dia que o colunista foi não houve nenhuma manifestação de cunho político".

O leitor não vai precisar retirar tudo o que disse.

Claro que houve, sim, "Lula livre!" e "Lula-lá!" no show de Chico.

Para quem não estava no Teatro Guararapes, conto como foi no domingo.

Minutos antes do início do show, na frente do palco e voltadas para a plateia, algumas pessoas empunharam faixas pedindo a libertação do ex-presidente.

Nas cadeiras, muita gente aderiu à manifestação e gritou "Lula livre!" e "Lula-lá!".

Gritos retomados em algum outro momento do espetáculo.

No final, fãs aglomerados junto do palco também se manifestaram enfaticamente em defesa de Lula, enquanto aplaudiam o artista e pediam bis.

O que acho dessas manifestações?

São absolutamente legítimas!

Claro que são!

Mas, sinceramente, não me vejo obrigado a mencioná-las num texto em que comento o show de Chico Buarque.

Não fui ao Recife em busca de nenhum protesto político.

Fui ver o show de um grande artista.

Era o que me interessava.

Escrevi sobre isso.

Não sou obrigado a escrever sobre o que os outros querem que eu escreva.

É essa a condição para que eu seja jornalista?

Do contrário, terei deixado em casa o jornalista que há em mim?

Ora, não me faço essas perguntas quando vou a um evento sobre o qual escreverei em seguida.

Sobre Chico Buarque?

Sou seu admirador incondicional desde sempre. Desde que, pela voz de Nara, ele entrou lá em casa com A Banda.

Acompanho a carreira, tenho todos os discos, vou aos shows, considero importante o engajamento politico do artista, etc.

CHICO É UM DOS NOSSOS AMORES!

Houve, sim, "Lula, livre!" e "Lula-lá!" no Teatro Guararapes!

Mas, francamente, não foi o que me emocionou. Mesmo que eu também não concorde com a prisão de Lula.

O que me emocionou foi estar diante de Chico Buarque e vê-lo cantar.

A despeito de sua legitimidade, o "Lula livre!" passará.

O vastíssimo cancioneiro de Chico e seus vínculos profundos com o Brasil não vão passar.

Sobreviverão ao próprio autor e a todos nós que, felizmente, somos seus contemporâneos.