COTIDIANO
Israel aprova plano para construir 1,1 mil casas
Público tem 60 dias para apresentar possíveis objeções ao plano.
Publicado em 28/09/2011 às 8:00
Israel aprovou um plano de construção de 1.100 casas para colonos em Jerusalém Oriental, informou ontem o ministério do Interior israelense. O público tem 60 dias para apresentar possíveis objeções ao plano, que acaba de ser aprovado pelo comitê de urbanização do ministério, segundo um comunicado.
O anúncio foi criticado pela secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, e aumentou as tensões entre israelenses e palestinos, que na semana passada solicitaram oficialmente seu ingresso na Organização das Nações Unidas (ONU).
O Ministério do Interior de Israel informou que as novas casas serão construídas em Gilo, enclave judeu com cerca de 50 mil habitantes na região sudeste de Jerusalém, próximo à cidade de Belém.
Os palestinos, que reivindicam Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado, condenaram imediatamente a medida. Para o negociador Saeb Erekat, ela equivale a "1.100 "nãos" à retomada das negociações de paz", paradas há quase três anos.
Hillary afirmou que os novos assentamentos prejudicam o esforço por um diálogo direto entre israelenses e palestinos e pediu aos dois lados que se abstenham de "ações provocativas". União Europeia e ONU também se disseram desapontadas.
Em entrevista, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, negou totalmente a possibilidade de congelar os assentamentos, condição palestina para o diálogo. Netanyahu alega que, em 2010, a suspensão de novas construções por dez meses não surtiu efeito.
A presença de colonos israelenses na Cisjordânia e na parte leste de Jerusalém – regiões que, assim como Gaza, foram anexadas por Israel em 1967, depois da Guerra dos Seis Dias – é vista como um dos maiores entraves a um Estado palestino na região.
Atualmente, moram em Jerusalém Oriental cerca de 200 mil judeus – em áreas que os israelenses chamam de bairros e os palestinos classificam como assentamentos – e 250 mil pessoas de origem árabe.
Segundo Meir Margalit, um dos membros da Câmara Municipal de Jerusalém contrários a construções na região leste, o aval inicial para as novas casas em Gilo foi dado há cerca de um ano.
Margalit afirmou não ver na medida um obstáculo ao processo de paz, uma vez que a área já é ocupada por judeus e, em eventual acordo, deve permanecer com Israel.
O vereador diz, porém, que o ministro do Interior, Eli Yishai, fez o anúncio oficial agora como represália à reivindicação palestina na ONU.
A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, também criticou os planos do governo israelense e pediu às autoridades do país que desistam da ideia. "Pedimos às duas partes que evitem medidas provocativas e, portanto, lamento enormemente que hoje [ontem] se tenha decidico continuar com os assentamentos", afirmou.
Segundo ela, o plano deveria ser cancelado porque o aumento dos assentados "ameaça a viabilidade da solução de dois Estados".
O enviado da ONU para o Oriente Médio, Robert Serry, se uniu às vozes dos americanos e europeus contra a decisão e considerou a decisão "muito preocupante", além de ignorar, segundo ele, o pedido de que se evitem medidas provocativas. "Isso transmite um sinal errado em um momento delicado", disse Robert.
ESTADO DA PALESTINA
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) marcou para hoje a sessão em que discutirá o pedido da Autoridade Nacional Palestina (ANP) para a criação do Estado da Palestina.
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