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COTIDIANO

Jogador amigo de Adriano nega que tenha sido ameaçado por traficante

Yves teria sido impedido de voltar à Vila Cruzeiro por Fabiano Atanásio. Jogador afirmou que armas em foto eram de brinquedo.

Publicado em 08/06/2010 às 14:30

Do G1

Após duas horas e meia de depoimento na 38ª DP (Irajá), no subúrbio do Rio, nesta terça-feira (8), o jogador Yves, ex-Vasco e atual volante do Paraná Clube, que é amigo de Adriano, negou que tenha sido ameaçado pelo traficante Fabiano Atanásio da Silva, conhecido como FB.

O traficante é apontado pela polícia como o homem que ordenou o ataque ao helicóptero da PM em outubro de 2009. Três policiais morreram na queda do helicóptero.

Yves teria sido impedido de voltar à Vila Cruzeiro, no subúrbio do Rio. O motivo seria o fato de o volante ter participado de um jogo de futebol beneficente em um evento no campo do Olaria. FB teria se irritado porque queria ter realizado um evento similar no campo da Vila Cruzeiro. Além disso, no jogo em que Yves participou estariam policiais militares que teriam participado da morte de cinco traficantes da Vila Cruzeiro.

“Algumas pessoas falaram que eu tinha sido ameaçado, procurei saber disso com amigos e familiares e não houve nada disso”, disse ele ao sair da delegacia. Em seguida, alegou que ficou preocupado com o suposto boato. “Assustado todo mundo fica”.

Yves afirmou que conhece o traficante, mas negou que tenha uma relação de amizade com FB. “Todos conhecem, mas a relação de muita amizade não é bom porque acontece esse fato que aconteceu aqui, mas questão de cumprimentar, falar com ele, é na base de respeito como um morador da comunidade”, disse o jogador.
Brincadeira de mau gosto

Yves também falou sobre as fotos publicadas pelo jornal O Dia, onde ele e Adriano aparecem segurando o que seria uma arma e fazendo com as mãos as iniciais de uma facção criminosa do Rio. Assim como Adriano, ele também afirmou que as armas eram um brinquedo italiano, que não tem no Brasil.

“Foi de paintball e uma de abajour, pensaram que era de verdade, mas era um brinquedo da Itália”, afirmou.

O advogado de Yves, Adalberto Brandão Paranhos, alegou que o símbolo que o jogador fez com as mãos não era de facção, mas apenas a letra “v” em cada uma das mãos.

O jogador disse ainda que está arrependido e que a brincadeira, segundo ele realizada em um momento de descontração, não vai se repetir. “A gente joga bola e não pode se envolver com essas brincadeiras”.

Mãe de Adriano é aguardada na delegacia

A mãe de Adriano, dona Rosilda, também é aguardada para ser ouvida na delegacia nesta terça-feira. O depoimento vai ajudar a esclarecer uma possível ligação de Adriano com o traficante FB, que controla o tráfico de drogas no conjunto de favelas da Penha, no subúrbio, onde Adriano morou.

Segundo o delegado, Luiz Alberto Cunha de Andrade, o horário do depoimento ainda não foi definido.

No inquérito instaurado pelo Ministério Público, Adriano é testemunha numa investigação que apura crimes de tráfico de drogas, associação para fins de tráfico e posse ilegal de arma de fogo praticados por integrantes de uma organização criminosa, que controla o tráfico nas comunidades de Furquim Mendes e Dique, em Jardim América, no subúrbio.

Gravações telefônicas

Em gravações telefônicas autorizadas pela Justiça, o jogador Adriano pede a um primo que vá ao banco para sacar um cheque de R$ 60 mil. Adriano diz que a quantia tem que ser entregue a pessoas que não foram identificadas no telefonema. A suspeita é de que o dinheiro da conta do atacante teria parado nas mãos de traficantes.

As conversas de Adriano com o primo foram gravadas em dezembro do ano passado durante uma investigação sobre a venda de drogas em três favelas do Rio. O primo do atacante foi monitorado por suspeita de envolvimento com o tráfico. As gravações levaram a polícia a investigar o jogador.

MP também investiga o caso

Na quarta-feira (2), o Ministério Público afirmou que havia fortes indícios de que o dinheiro do jogador teria sido repassado ao traficante FB.

Após prestar depoimento no Ministério Público do Rio e na delegacia, o jogador Adriano não foi indiciado. O delegado Luiz Alberto Andrade, titular da 38ª DP (Irajá), informou que não havia provas suficientes para indiciá-lo. Adriano desembarcou na Itália no domingo (6).

O procurador-geral de Justiça, Cláudio Lopes, informou que considera estranho o fato da polícia não ter indiciado Adriano, já que foi o próprio delegado que solicitou a quebra de sigilo bancário e dos dados cadastrais da linha telefônica do jogador.

Adriano nega ter repassado dinheiro a traficante

Na quinta-feira (3), após três intimações da Polícia Civil, Adriano prestou depoimento na 38ª DP. Segundo o delegado Luiz Alberto Andrade, Adriano negou que tenha repassado dinheiro ao traficante FB. Em depoimento, Adriano afirmou que o dinheiro foi para uma festa de criança na comunidade. Ele disse que a quantia serviu, ainda, para a compra de cestas básicas.

Para os promotores do caso, qualquer doação que contribua para o prestígio de um traficante na comunidade pode ser considerada associação para o tráfico. A Justiça ainda vai decidir se autoriza ou não a quebra dos dados cadastrais da linha telefônica e do sigilo bancário de Adriano.

O procurador-geral de Justiça, Cláudio Lopes, informou que considera estranho o fato da polícia não ter indiciado Adriano, já que foi o próprio delegado que solicitou a quebra de sigilo bancário e dos dados cadastrais da linha telefônica do jogador.

Traficante pediu dinheiro, diz advogado


O advogado do jogador Adriano, Rafael Matos, contou que o jogador afirmou, em depoimento à polícia, que recebeu um pedido de dinheiro ao traficante Fabiano Atanásio da Silva. No entanto, segundo ele, o dinheiro não foi repassado para o traficante e teria sido sacado pela mãe do craque.

“Ele disse que não foi R$ 60 mil, como vem sendo divulgado, disse que num determinado momento o FB mandou pra ele um recado, se ele podia ajudar numa festa da criança na Vila Cruzeiro. Ele já vem fazendo um trabalho na comunidade junto com a mãe dele”, disse.

Segundo Matos, Adriano teria comprado cerca de R$ 30 mil em cesta básica e ainda teria alugado um caminhão para transportar e distribuir as doações na comunidade do subúrbio da cidade. O restante do dinheiro teria ficado com a mãe do jogador, que teria realizado o saque. “R$ 20 mil ficou com a mãe dele para despesa pessoal. Quem fez o saque no banco foi a própria mãe do Adriano”, afirmou o advogado.

Imagem

Jornal da Paraíba

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