Jovens que anseiam pelo primeiro emprego devem investir na qualificação

Entrar no mundo do trabalho, ainda mais em um mercado cada vez mais competitivo como é o dos dias atuais, pode não ser uma tarefa muito simples. Com alguns cuidados, porém, é possível conseguir o emprego desejado. Incrementar o currículo com cursos da área, por exemplo, ou a realização de estágios ainda enquanto se está na universidade, por exemplo, são boas estratégias de preparação para conseguir o primeiro emprego. Os que ainda não entraram na universidade, no entanto, e ainda estão cursando o Ensino Fundamental ou Médio, também já podem começar a  trabalhar: trata-se do Programa Jovem Aprendiz, que oferece empregos para jovens a partir dos 14 anos de idade.

Embora sempre cause certa apreensão nos candidatos, pois, afinal, estão se sujeitando a uma processo seletivo, existem algumas dicas que, se levadas em consideração, podem ajudar na hora de se candidatar a uma vaga. Em relação ao currículo, por exemplo, nunca é bom inserir informações que não digam respeito aos pré-requisitos estipulados pela organização. "Além do mais, o currículo deve conter informações sucintas e direcionadas ao cargo almejado pelo indivíduo. Por isso, é bom ter informações mais recentes, por exemplo, de cursos que estejam interligados com a execução das atribuições do cargo", disse o professor da UFPB mestre em Administração, Thales Batista.

E para começar a incrementar o currículo com cursos da área que se deseja seguir, nunca é cedo demais. A estudante Djonally Celestino, por exemplo, atualmente está cursando o Ensino Médio, mas, mesmo assim, já começou a fazer um curso de capacitação de técnico em vestuário, oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Segundo ela, seu sonho é, no futuro, montar um atelier de vestido de noiva. "Eu já tenho um histórico na família nessa área. Minha avó era costureira. Quero seguir a carreira", disse. Ela, que pretende fazer vestibular para o curso de Designer de Moda, no IFPB, antes disso, já quer estar no mercado de trabalho. "Com esse curso, eu quero estar qualificada tanto teoricamente como na prática", afirmou.

De acordo com o professor, porém, o candidato deve estar atento também a outro ponto: hoje em dia, como as competências técnicas têm sido mais facilmente encontradas nos candidatos, uma vez que eles têm, cada vez mais, buscado capacitações, os recrutadores das empresas têm se atentado mais às competências humanas e racionais. "Hoje, o que eles buscam é a capacidade de relacionamento interpessoal, de argumentação e comunicação", afirmou. "É importante, também, que o candidato busque autoconhecimento para não deixar que certas características emocionais se sobressaiam em determinadas situações, como é o caso de pessoas que têm timidez exagerada ou se desesperam diante de algum dilema ou conflito", concluiu.

Estágios podem ser boas oportunidades para se inserir no mercado de trabalho

Segundo o especialista, os estágios são bons tanto para que o indivíduo passe a traçar com mais propriedade sua carreira como, também, para que as empresas tenham a chance de observar os estagiários, analisando os  seus desempenhos e desenvolturas para selecionar os que melhor se enquadram no seu quadro de funcionários. "Algumas empresas já trabalham, inclusive, com os programas trainee. Por isso, os estagiários devem ficar atentos para aproveitar essas oportunidades e desenvolver suas competências", alertou.

Para muitos, o estágio pode ser, também, a chance de perceber se o curso que está sendo feito é, realmente, a profissão que desejam seguir.  Para o estudante do curso de Direito da UFPB Diego Porto, que hoje estagia no Tribunal de Justiça da Paraíba, a experiência tem sido positiva e despertou ainda mais a sua paixão pela área. "É incrível como a parte teórica é completamente diferente na hora de ser executado. A metodologia de assuntos vistos separadamente dão lugar a experiência de colocar em prática numa só situação o que foi visto em alguns anos de estudo", diz ele.

Já a estudante do curso de Pedagogia da UFPB, Vanessa Queiroga, já realizou alguns estágios obrigatórios em escolas da rede municipal de João Pessoa. Os estágios obrigatórios fazem parte do fluxograma de alguns cursos e são requisitos para que o aluno se forme. "A gente sempre procura um estágio remunerado, mas é um pouco complicado porque a remuneração é muito baixa e querem que você trabalhe muito. Mas esses, que eu fiz, foram muito oportunos. É bom porque a gente pode presenciar e conviver com a realidade de uma escola pública. É um outro olhar", opina.

Serviço:

Caso você esteja em busca de uma vaga de estágio, cadastre-se no Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).

www.ciee.org.br/

Programa Jovem Aprendiz possibilita iniciação no mercado de trabalho a partir dos 14 anos

Uma grande oportunidade para adentrar no mundo do trabalho ainda enquanto se está no Ensino Fundamental ou Ensino Médio é o Programa Jovem Aprendiz. De acordo com o supervisor do CIEE na Paraíba, Euler de Souza Sales, atualmente existem cerca de 2.300 aprendizes em todo o Estado, e o CIEE conta com polos de capacitação em João Pessoa, Campina Grande e Patos. "Para a empresa, é extremamente vantajoso porque você está participando de um programa social, inserindo um jovem no mercado de trabalho. Sua empresa vai acabar sendo reconhecida por isso. Já para o estudante, ele vai poder começar sua vida profissional em uma empresa de médio ou grande porte e vai ter a formação profissional de graça, além de receber um certificado com reconhecimento a nível nacional", disse.

O programa funciona assim: durante quatro dias na semana, o jovem trabalha na empresa; no quinto dia, porém, ele vai para o CIEE receber a capacitação profissional dentro daquela área. Hoje, na Paraíba, o CIEE oferece as capacitações em logística, ocupações administrativas, comércio e varejo, auxiliar de produção industrial, auxiliar de alimentação, turismo e hospitalidade, telemática, teleserviço e práticas bancárias. "Segmentos como os de telemarketing, por exemplo, que estão em alta no Estado, ou de informática, têm tido uma demanda bastante grande", afirmou o supervisor.

Regido pela Lei nº 10.097/2000, o programa exige que todas as empresas de médio e grande porte contratem um número de aprendizes equivalente a um mínimo de 5% a um máximo de 15% do seu quadro de funcionários. Podem ser aprendizes jovens de 14 a 24 anos incompletos e a jornada de trabalho não deve ser superior a seis horas diárias, admitindo-se a jornada de oito horas apenas para aqueles que já tiverem completado o Ensino Médio. O contrato é um contrato de trabalho especial, com duração máxima de dois anos, anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, salário mínimo/hora e todos os direitos trabalhistas e previdenciários garantidos.

Para o aprendiz Lucas de Farias Oliveira, de 17 anos, o programa o ajudou não só a vencer certos desafios impostos pelo mercado de trabalho, mas também causou mudanças em seu próprio comportamento. "Antes, eu era muito tímido. Fui em busca do programa porque queria ajudar em casa, mas acabei ganhando muito mais", diz ele. Lucas trabalha na função de auxiliar administrativo em uma loja de materiais elétricos de João Pessoa há mais de um ano. Quando começou, ainda cursava o Ensino Médio; hoje, está na universidade, no curso de Engenharia Ambiental.

Os alunos interessados em se inscrever no Programa Jovem Aprendiz devem procurar a unidade mais próxima do CIEE ou do Sistema Nacional de Emprego (Sine) de suas casas.

Dicas para se conseguir o primeiro emprego:

- Incremente seu currículo com cursos de capacitação na área almejada;

- Não coloque informações no currículo que não digam respeito aos pré-requisitos estipulados pela organização;

- As informações devem ser sucintas e direcionadas ao cargo almejado;

- Busque o autoconhecimento: timidez exagerada ou explosões com colegas de trabalho não são interessantes;

- A capacidade de relacionamento interpessoal, de argumentação e de comunicação são pontos que também são avaliados pelos recrutadores;

- Esteja atento: o estágio pode ser sua porta de entrada para conseguir um emprego na empresa