COTIDIANO
A lembrança de uma conversa com Cazuza
Publicado em 07/07/2016 às 19:44 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:48
Lembro aqui porque hoje faz 26 anos que ele morreu.
Estive com Cazuza quando ele cantou em João Pessoa no início de 1989. Fazia o show que a Globo registrou num especial e que foi lançado num disco ao vivo. Estava muito magro, todos sabiam que tinha uma doença grave, mas ainda não assumira que era portador do HIV.
Fui ao Hotel Tambaú entrevistá-lo para o programa “A Palavra É Sua” e assumi com a produção o compromisso de que restringiria a conversa aos temas musicais. É que a insistência de alguns jornalistas em abordá-lo sobre a doença dificultava sua relação com a imprensa.
A entrevista foi muito agradável. Cazuza estava na piscina e gravou comigo numa mesa próxima. Parceiros, rock’n’ roll, Bossa Nova, o êxito das suas canções, poesia e letra de música – estes foram os temas da conversa.
Ele falou da influência que recebera de Caetano Veloso, cujo interesse pelo passado da música popular lhe servira de parâmetro. A menção ao nome de Caetano me remeteu prontamente a algo que Gilberto Gil me dissera três anos antes: que se via, jovem, em Herbert Vianna, e que via o companheiro de Tropicalismo, igualmente jovem, em Cazuza.
Reproduzi o comentário de Gil, provocando uma alegria que Cazuza não disfarçou.
Poucos dias após a entrevista, de passagem por Nova York, Cazuza assumiu que era portador do HIV. Fez a revelação a um repórter da Folha. Sua agonia se estendeu até sete de julho de 1990.
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