COTIDIANO
Maranhão falta debate da 101 FM e vira alvo de críticas de adversários
Ricardo Coutinho e Nelson Júnior, durante o debate da Rede Paraíba Sat, se focaram em José Maranhão, que foi alvo de críticas e se tornou o assunto principal do debate.
Publicado em 23/09/2010 às 14:45 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:34
Jorge Barbosa
Os candidatos Ricardo Coutinho (PSB) e Nelson Júnior (PSOL) participaram, na tarde desta quinta-feira (23), do debate promovido pela Rede Paraíba Sat. Ausente alegando outros compromissos de campanha, o governador e candidato à reeleição José Maranhão (PMDB) foi o “saco de pancada” dos dois candidatos. Ele foi duramente criticado em todos os blocos do debate e em todos os temas abordados, como segurança, saúde, responsabilidade fiscal, saneamento básico, habitação, educação e muitos outros. Os dois candidatos também apresentaram importantes propostas para todas essas áreas.
A ausência de Maranhão foi o primeiro “tema” abordado. Na apresentação inicial os dois candidatos lamentaram a desistência do governador e classificaram o fato como um exemplo de despreparo e falta de compromisso com o povo. Segundo Coutinho, o peemedebista não compareceu porque não teria capacidade de debater ou por não respeitar o eleitor. Na sequência, Ricardo se apresentou como candidato qualificado para corrigir os problemas que existem hoje na Paraíba, em todas as áreas, e que surgiram como resultado do modelo governamental que se instalou no Estado.
O candidato Nelson Júnior, em sua apresentação inicial, se colocou como o candidato das esquerdas, das lutas populares, classificando as candidaturas de Coutinho e Maranhão como as “candidaturas das elites”. Ele também lamentou a ausência de José Maranhão e fez duras críticas. Disse que o candidato que se nega a participar de um debate da importância como o da Rede Paraíba Sat não merece governar o Estado. Essa “fuga”, conforme Júnior, mostra um grande despreparo político e falta de compromisso com o eleitor.
Coutinho ainda foi questionado sobre suas antigas alianças com Maranhão. Para isso, ele respondeu que esteve ao lado do peemedebista apenas enquanto acreditava que ele poderia cumprir aquilo se propunha, aquilo que prometia ao povo. Mas por não ter correspondido, resultou numa separação. “O candidato assumiu perante mim e perante a Paraíba compromissos que jamais cumpriu. E a mim restou apenas terminar essa aliança e passar a cobrar”, disse Coutinho.
Nelson Júnior, por sua vez, criticou o candidato do PSB na réplica e disse que tudo não passou de um jogo de interesses que beneficiou os dois. Que Coutinho, mesmo criticando na atualidade Maranhão, já votou no peemedebista em momentos em que poderia ter votado, por exemplo, em candidatos como Cássio Cunha Lima (PSDB) e David Lobão (PSOL). Na tréplica, Ricardo lembrou que nunca deixou Maranhão interferir na sua autonomia e projeto de governo e o fato dele não cumprir com suas promessas justificou o rompimento.
Segurança
Para resolver o problema da violência na Paraíba, assim como reduzir os altos índices de criminalidade, Nelson Júnior apresentou uma proposta de reduzir em 70% os índices no Estado, em um período de quatro anos, atuando principalmente no social e na educação. Ele também defendeu uma valorização maior do efetivo policial e uso de equipes de inteligência.
Coutinho, por sua vez, criticou o que ele chamou de modelo de combate à violência que asfixia as pessoas que têm baixo poder econômico e está sendo adotado atualmente na Paraíba. Ele propôs o uso de tecnologias e todos os recursos necessários, declarando que o Estado precisa mesmo é de um governante que encare o problema de frente.
Responsabilidade fiscal
Maranhão também foi duramente criticado com suas ações de responsabilidade fiscal. Segundo os dois candidatos, o atual governador não concede independência ao Fisco estadual, que fica subordinado e termina sendo limitado pelos secretários do governo. Nessa linha, eles lembraram fatos recentes e expuseram no debate.
Foi lembrando o caso do um secretário de Maranhão que tentou subtrair do Fisco a responsabilidade que o órgão tinha de aplicar uma multa, em detrimento de interesses pessoais, conforme expôs Coutinho. “Este governo não consegue ser transparente. Quem governa hoje a Paraíba já está no governo há 10 anos, e isso é muito tempo. Não pode continuar assim”, bateu Coutinho.
Abastecimento hídrico
Nelson Júnior fez um alerta à população em relação à Cagepa, principalmente lembrando das propostas de Maranhão de fazer uma parceria com o setor privado para gerir o órgão. Segundo o candidato do PSOL, esse é o primeiro passo para o governador decretar a privatização da instituição. “E eu me solidarizo com os servidores da Cagepa quando o governador diz que eles são os responsáveis pelos problemas da Cagepa. O problema é feito pelo próprio governo”, atacou.
“Qual o interesse em privatizar a água? A quem interessa a destruição da Cagepa?”, questionou Júnior, afirmando que os mais interessados são os empresários que estão aliados ao governo da Paraíba. “E quem vai ganhar são os políticos inescrupulosos que se aproveitam do governo para se beneficiar”, foi além.
Para Coutinho, há uma ação coordenada para inviabilizar a Cagepa e assim justificar uma possível privatização. Segundo ele, a instituição merece respeito, assim como o povo paraibano. Ele propôs uma redução real das tarifas sociais, que venha mesmo atender os anseios da população, e não uma tarifa social que não corresponde às necessidades e apenas gera mais reclamações da população.
Habitação
Os dois candidatos debateram amplamente sobre os problemas de habitação e apresentaram propostas. Nelson Júnior lembrou que até o momento nem uma única casa do programa federal “Minha Casa, Minha Vida” foi entregue no Estado. Ele propôs parcerias com universidades para fornecer tecnologia e conhecimento para essa área, e defendeu a construção de moradias mais baratas, de modo que não deixe a população endividada.
Coutinho, na réplica, lembrou que fez cinco mil casas em João Pessoa, durante sua gestão, e colocou a cidade como a capital do país que mais reduziu o déficit habitacional. Para o Estado, ele prometeu construir mais de 40 mil casas, com modelos habitacionais que venham a atender os anseios da população.
Aliança com Efraim
O maior embate entre os dois debatedores aconteceu no penúltimo bloco. O candidato Nelson Júnior lembrou das denúncias do senador Efraim Morais (DEM), que teria no seu gabinete funcionários fantasmas, e questionou a aliança de Ricardo com o democrata. Ele afirmou ainda que essa aliança era opcional e Coutinho podia muito bem ter evitado.
Rebatendo, o socialista disse que ninguém pode culpar as pessoas unilateralmente. “As pessoas têm que se defender. Vale lembrar que Efraim não tem nenhum processo contra ele. Não podemos acusar uma pessoa até que ele seja considerado culpado”, disse Coutinho, afirmando que as alianças não podem ser avaliadas dessa forma. “Eu quero as alianças para ganhar as eleições e governar o Estado”. Ele ainda lembrou que Heloísa Helena, líder maior do PSOL, já foi acusada de fazer alianças suspeitas, e isso não justificou um julgamento prévio.
Nas considerações finais, os dois candidatos voltaram a lembrar que ali, naquela transmissão para todo o Estado, estavam dois candidatos dispostos a debater e apresentar propostas para a população. “E o candidato que foge não merece nossa consideração e nem a atenção do eleitor”, disse Nelson Júnior. "Quem desrespeita o povo fugindo do debate não pode receber o voto do eleitor", disse Ricardo.
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