COTIDIANO
Marido mata grávida; índice de mulheres vítimas de violência cresce 73,9%
Somente entre janeiro e agosto deste ano, 40 mulheres foram assassinadas por companheiros e ex-companheiros.
Publicado em 22/09/2010 às 8:13
Alberto Simplício
Do Jornal da Paraíba
Sancionada há pouco mais de quatro anos no Brasil, a Lei 11.340 (Lei Maria da Penha) parece que não tem inibido a violência contra as mulheres na Paraíba. Somente entre os meses de janeiro e agosto deste ano, 40 mulheres foram assassinadas por companheiros e ex-companheiros. O número significa um crescimento de 73,9% no índice de mortes provocadas por crimes passionais, se comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 23 homicídios.
Os dados fazem parte do monitoramento de crimes contra a mulher, realizado pelo Centro da Mulher 8 de Março, sediado em João Pessoa. O relatório aponta que no ano passado, 46 mulheres foram assassinadas por crimes passionais na Paraíba, a maior parte delas é morta dentro das próprias residências.
De acordo com a coordenadora da entidade, Valquíria Alencar, o número de assassinatos apenas comprova o aumento da violência doméstica no Estado. “Vale destacar que os casos de acidentes e os crimes cometidos em decorrência do tráfico de drogas não estão nessa estatística. Trata-se somente dos casos que têm os companheiros das mulheres como assassinos. Por isso é mais preocupante”, assinalou.
No início da tarde da terça-feira (22), no município de Lagoa Seca, no Agreste paraibano, mais um reflexo do problema. Uma mulher foi assassinada com duas facadas e o principal suspeito do crime é o marido da vítima. Segundo a polícia, Joseane Lira Silva, 21 anos, foi morta durante uma discussão com o marido e comerciante, Damião Costa, 44. O crime aconteceu na casa do casal, no sítio Damasco, às margens da BR-104, entre os municípios de Lagoa Seca e São Sebastião de Lagoa de Roça. O local também funciona como um bar.
Assista no vídeo acima
De acordo com a irmã da vítima, a estudante Edjara Lira Silva, 17, há 15 dias, Joseana e Damião, que tinham dois filhos, estavam separados. “Eu estava morando com minha irmã em Esperança, junto com as crianças, um com um ano e outro com dois anos e oito meses. Creio que minha irmã tenha ido buscar as roupas dos filhos na casa dela e acabou morrendo durante uma discussão”, revelou. Possivelmente, o motivo seria a cobrança da pensão alimentícia que estava atrasada há alguns meses. A vítima ainda estava grávida de dois meses.
O delegado Júlio Ferreira disse que duas mulheres que estavam no bar no momento do crime e a irmã da vítima confirmaram que Damião Costa matou Joseane. O crime é tratado como crime passional. Disse ainda que os policiais dos municípios de Lagoa Seca, Esperança e São Sebastião de Lagoa de Roça estão em alerta à procura de Damião Costa.
Em João Pessoa, mortes violentas de mulheres têm se tornado frequentes. No dia 15 de abril, a jovem Aryane Thays Carneiro de Azevedo, 21 anos, grávida de dois meses, foi encontrada morta às margens da BR-230, próximo ao Corpo de Bombeiros. O principal suspeito é o estudante de Direito Luis Paes de Araújo Neto, 23 anos, que era o pai da criança esperada por Aryane. Ele chegou a cumprir prisão temporária, mas atualmente responde ao crime em liberdade.
Há pouco mais de um mês, no último dia 13 de agosto, a adolescente Joseane Pessoa da Costa foi executada com dois tiros na cabeça e dois nas costas. A morte da jovem, de acordo com os primeiros levantamentos da Polícia Civil, teria sido motivada por ciúme de um presidiário com quem ela tinha um relacionamento amoroso. Embora o caso ainda esteja sendo apurado, as suspeitas iniciais são de que o detento teria ‘ordenado’ o assassinato de dentro de uma das penitenciárias da capital.
Além dos assassinatos, casos de estupros, agressões e tentativas de homicídios também têm se alastrado pelo Estado. De acordo com o Centro 8 de Março, nos primeiros oito meses deste ano, foram pelo menos 38 casos de estupro cometidos contra mulheres e 51 casos de agressão. Em 2009, foram 64 registros de agressão e 20 estupros contra mulheres. Já em 2008, 72 mulheres sofreram agressão e 50 foram vítimas de estupro.
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