COTIDIANO
Mestre da técnica por trás das câmeras, Carlão Lenda recebe troféu
Conheça mais um pouco sobre o maquinista cinematográfico que fez história do cinema e na televisão brasileira e é um dos homenageados no Cineport.
Publicado em 09/05/2009 às 9:32 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:40
Karoline Zilah
Se você perguntar na cena cinematográfica carioca quem é Carlos Teixeira Pinto, provavelmente não vai ter uma resposta. Mas se a questão for “quem é Carlão Lenda”, então muitos vão lembrar da velha guarda dos maquinistas cinematográficos, daqueles que estiveram presentes por trás das câmeras ajudando a construir alguns clássicos da TV Globo e, especialmente, filmes em película que marcaram a história do cinema brasileiro.
Confira a programação completa deste sábado no Cineport.
Carlão Lenda está prestes a receber neste sábado (9) do Cineport o Troféu Humberto Mauro pela sua contribuição técnica à sétima arte. “Ainda não caiu a ficha”, contou o profissional ao Paraíba1 em meio à agitação do evento, que provou dar espaço e prestar homenagens a quem está mais do que por trás da câmera. Isso porque, segundo Carlão, entre o hall de atribuições do maquinista cinematográfico estão preceitos fundamentais para a preparação de um set de filmagem, como os ajustes dos acessórios da câmera (tripé, nivelação) para o início de uma filmagem, empurrar o carrinho e operar a grua.
A “lenda” de Carlão está no fato dele compor uma equipe de veteranos do audiovisual nacional desde os anos 70 e de ser um dos únicos que têm conhecimento técnico especializado para transitar entre a TV e o cinema. Ele conta que, por se tratar de diferentes tipos de mídia, são poucos os profissionais que têm domínio sobre cada uma das especificidades. Ele trabalhou ao lado de Paulo Saraceni (“O Viajante”), Walter Carvalho, Walter Lima Jr. (“Inocência”), Ruy Guerra (“A Ópera do Malandro”), entre tantos nomes do meio.
Em 2004, de técnico ele passou a personagem no documentário “Cinema de Preto”, onde ao lado de Abdias do Nascimento e Delanir Cerqueira contou a história dos técnicos negros e lembrou a época da Turma da Pesada nas filmagens, como são chamados os profissionais que têm que trabalhar duro transportando e instalando equipamentos nos sets de filmagens e locações de rua.
“Já fui carpinteiro, cenotécnico e, por não resistir aos encantos dos sets de filmagem, passei a aprender na prática as funções da maquinaria cinematográfica. Passei a ser chefe e com o tempo me engajei na causa, participando de vários movimentos ligados a reivindicações em nome dos Técnicos da Pesada”, resumiu Lenda sobre a sua carreira. Hoje ele é vice-presidente do Sindicato Interestadual dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual, no Rio de Janeiro.
Sua reputação e autoridade na área o levou também a escrever o livro “A Sétima Arte – História de um Maquinista”, um manual da atividade para países de língua portuguesa. O seu envolvimento com o Cineport não é de hoje: ele se envolveu na coordenação do Festival Ver e Fazer edição Cineport ministrando oficinas para alunos da Escola Portuguesa da Universidade Federal de Minas Gerais.
Em cinco dias de filmagens e dois de ilha de edição, com as lições de Carlão e outros nomes do cinema, as turmas criaram vídeos a partir de três contos de Machado de Assis, “A Cartomante”, “Chinelas Turcas” e “Diplomata”. Atualmente, trabalha na TVE Brasil e presta consultorias.
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