COTIDIANO
"Meus amigos", João Saldanha nasceu há 100 anos
Publicado em 03/07/2017 às 6:21 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:44
Podem dizer que é saudosismo!
Mas houve um tempo em que a gente abria o jornal, ligava o rádio ou a televisão e tinha João Saldanha comentando futebol!
Não gosto de futebol (é um dos meus defeitos), mas perdi a conta das vezes em que ouvi e vi programas esportivos só por causa desse cara!
Nesta segunda-feira (03) é o centenário de nascimento de João Saldanha, gaúcho de Alegrete, um grande brasileiro!
"Meus amigos". Era assim que ele começava.
Ler, ouvir ou ver Saldanha não era apenas para quem gosta de futebol.
Falando de futebol, ele falava da vida, do Brasil, de tanta coisa!
Corajoso, inteligente, brilhante, polêmico, chato, ranzinza, politicamente incorretíssimo.
Militante comunista, torcedor fanático do Botafogo, técnico de futebol. Jornalista de texto simples, direto e fluente. Grande contador de histórias. Autor do indispensável Os Subterrâneos do Futebol. Saldanha era tudo isso.
A seleção de 70 foi ele que montou. As feras do Saldanha. Mas a ditadura não quis que ele fosse ao México.
Médici, o terceiro general presidente, tentou escalar Dadá Maravilha. Saldanha resistiu.
Resumiu tudo numa frase antológica:
Eu não escalo o ministério. Ele não escala o time.
João acabou indo ao México, é verdade, só que como comentarista da Globo.
Enfisematoso, fumante compulsivo, foi à copa de 90 numa cadeira de rodas. Seu último comentário - creio que na TV Manchete - dava conta da tristeza dos donos da casa (a Itália), que não estariam na final.
Saldanha foi hospitalizado na Itália e por lá morreu.
Lembrei muito dele quando vi o Brasil ser vergonhosamente goleado na copa de 2014.
Lembro sempre dele quando vejo o Brasil no impasse político em que nos metemos.
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