COTIDIANO
Michael, Lennon, Elvis, a morte na mídia
Publicado em 25/06/2016 às 9:33 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:49
“Tudo em Michael Jackson é feito de matéria pop: sua grande música, sua grande dança, sua vida mínima. Em nossos dias, só ele tem a mesma carga de popismo de Marilyn ou Elvis ou Elizabeth Taylor. Perto dele, Madonna parece uma mera teórica”.
Quem disse, em 1993, foi Caetano Veloso. Na época, Michael Jackson ainda não enfrentava as dificuldades com que conviveu nos seus últimos anos. “Dangerous” não fora tão bem sucedido quando “Thriller” ou “Bad”, mas mantinha o artista em evidência com sua música e não com a exposição da sua intimidade.
Se tomarmos como parâmetros a dimensão dos artistas, a surpresa e a repercussão na mídia, a morte de Michael Jackson é comparável a duas outras mortes das quais fui contemporâneo. A de Elvis Presley e a de John Lennon.
Parecido com Michael, Elvis foi encontrado morto em sua mansão depois de uma parada cardiorrespiratória. Diferente dos dois, Lennon foi morto a tiros por um fã quando voltava para casa.
A morte de Elvis Presley, em agosto de 1977, ocupou os principais espaços da mídia. O impacto inicial, o velório em Memphis, a descoberta de que o cantor usava drogas – tudo era notícia naqueles dias em que acompanhamos a cobertura pela televisão, jornais e revistas.
A morte de John Lennon, em dezembro de 1980, surpreendeu o mundo e transformou em fato sem importância a primeira visita do presidente eleito Ronald Reagan a Nova York. Todas as atenções se voltaram para o edifício Dakota, cenário do assassinato e, em seguida, da vigília dos fãs.
A morte de Michael Jackson, em junho de 2009, chegou pela Internet. Enquanto, na noite do dia 25, o Jornal Nacional dizia, em sua escalada, que o astro pop sofrera uma parada e estava num hospital em Los Angeles, um site americano dedicado a celebridades já dera a notícia.
A repercussão da sua morte foi ainda maior do que a de Elvis ou a de Lennon por causa da rede mundial de computadores cuja existência era coisa de ficção-científica tanto em 1977 quanto em 1980.
A música, síntese de elementos riquíssimos criados pelos negros americanos, e a dança fizeram de Michael Jackson o maior astro pop depois da geração de Elvis e da dos Beatles. Ele representou seu tempo com talento, graça, charme e elegância como nenhum outro que vimos dos 1980 para cá.
O menino que esbanjava talento nos tempos do Jackson 5, o adolescente que cantava baladas como “Ben”, o adulto recordista de vendas com “Thriller” – a música e a dança de Michael Jackson arrebataram milhões de fãs, mas não devolveram a felicidade que lhe foi roubada na infância.
Michael Jackson morreu há sete anos, no dia 25 de junho de 2009.
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