COTIDIANO
Moa do Catendê foi assassinado
Publicado em 09/10/2018 às 7:13 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:37
Passei o carnaval de 1980 em Salvador.
Fui atraído principalmente pelo Trio Elétrico Dodô & Osmar, que, naquela época, tinha Moraes Moreira como cantor.
Eu era louco pelo trio e tinha que ver aquilo tudo ao vivo.
Pra libertar meu coração Eu quero muito mais Que o som da marcha lenta
Três rapazes e três moças, praticamente sem dinheiro, viajando de ônibus. Era o nosso grupo. Nossas pequenas malas ganharam nomes de filmes. A Volta ao Mundo em 80 Dias, 2001: Uma Odisseia no Espaço, etc. Ficamos hospedados na casa de uma paraibana que morava no Rio Vermelho. Um carnaval maluco e inesquecível.
Em um dos dias, fui de ônibus para o centro. No meio do percurso, as pessoas começaram a cantar alegremente, batendo no teto do veículo, e eu me juntei a elas:
Misteriosamente O Badauê surgiu Sua expressão cultural O povo aplaudiu
Fiquei comovido. Era uma manifestação espontânea, forte e bela. Verdadeira afirmação dos pretos daquela cidade.
A música, de Moa do Catendê, eu conhecera no ano anterior, gravada por Caetano Veloso no disco Cinema Transcendental. O mesmo disco onde está Beleza Pura.
BELEZA PURA! - que eu assim li na manchete de um dos jornais da Bahia na quarta-feira de cinzas, quando me preparava para voltar pra casa.
Nesta segunda-feira (08), leio com tristeza que Moa do Catendê foi assassinado a facadas depois de dizer a um bolsonarista que votara em Haddad.
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