COTIDIANO
Morreu Geneton Moraes Neto. Era sinônimo do melhor jornalismo!
Publicado em 23/08/2016 às 6:49 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:47
Morreu nesta segunda-feira (22) aos 60 anos o jornalista Geneton Moraes Neto.
Estive com ele pela primeira vez no Recife, no dia cinco de agosto de 1982. Dois dias depois, Caetano Veloso faria 40 anos, e, num hotel em Boa Viagem, fomos apresentados enquanto esperávamos pelo artista para uma entrevista coletiva.
Guiados por Jomard Muniz de Britto, nosso mestre, tínhamos objetivos diferentes. Eu participaria da coletiva. Ele colheria um depoimento exclusivo de Caetano sobre Glauber Rocha.
Na minha memória afetiva, Geneton está muito associado a Caetano, Gil, Jomard, aos tropicalistas de um modo geral. Ao Recife e aos meus vínculos com essa cidade de tradições culturais tão fortes.
Mas está associado principalmente a um exercício jornalístico de grande qualidade que ele desenvolveu por onde passou, sobretudo na Rede Globo.
Jornalismo memorialista. Sua obsessão pelas pautas ligadas à memória sempre me pareceu muito atraente, bem como seu gosto pelas entrevistas.
A pesquisa histórica, os temas políticos, a investigação – tudo em Geneton era feito com as marcas de quem tinha admirável domínio de um ofício tão aviltado quanto o nosso.
De quem de fato dignificava o jornalismo!
Muitas lembranças dele: Geneton entrevistando Roberto Carlos, ou o maestro George Martin. Os livros, os longos textos em seu blog. A voz em off no Fantástico com o sotaque pernambucano que nunca perdeu.
Nosso último encontro foi há uns dois anos na sede da TV Cabo Branco, em João Pessoa. Falamos do seu Canções do Exílio e do filme que estava realizando sobre Glauber.
Que coincidência! Quis o destino que Geneton Moraes Neto nos deixasse no mesmo 22 de agosto e na mesma Clínica São Vicente onde, há 35 anos, morria Glauber Rocha!
Na foto, Geneton, adolescente, entrevista Caetano na primeira passagem pelo Recife após o exílio londrino.
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