COTIDIANO
MPF move ação de improbidade contra prefeito e ex-prefeito de Patos
Convênio foi assinado por Dinaldo Wanderley em 2002, que contratou, através de dispensa de licitação, a construtora Transamérica Construtores Associados Ltda.
Publicado em 08/06/2010 às 14:38 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:36
Da Redação
Com assessoria do MPF
Encontra-se na 6ª Vara da Justiça Federal uma ação de improbidade administrativa contra o ex-prefeito de Patos (PB), Dinaldo Medeiros Wanderley, por irregularidades no uso de verbas da Fundação Nacional da Saúde (Funasa). Também são réus na ação o atual prefeito de Patos, Nabor Wanderley, além de Hermano Medeiros Wanderley, Manoel Dantas Monteiro, Deczon Farias da Cunha e a construtora Transamérica Construtores Associados Ltda.
A ação foi proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) em Campina Grande (PB) e pede a condenação dos réus por dispensa indevida de licitação e enriquecimento ilícito. As irregularidades foram cometidas na execução do convênio firmado com a Funasa para a construção de 44 poços. O convênio possuía vigência inicial de 17 de dezembro de 2002 a 17 de dezembro de 2003, contando com a liberação de recursos federais no valor de R$ 799.975,54 e contrapartida municipal no valor de R$ 16.492,66. No entanto as obras só foram concluídas em março de 2006, já na gestão de Nabor Wanderley.
O convênio foi assinado por Dinaldo Wanderley em 2002, que contratou, através de dispensa de licitação, a construtora Transamérica Construtores Associados Ltda. A prefeitura justificou a dispensa baseada em decreto estadual de estado de calamidade pública em Patos. No entanto, somente três dias após os convites terem sido recebidos pelas empresas, o município apresentou parecer jurídico justificando a dispensa.
Em 2004, a prefeitura pagou à construtora R$ 479.985,54, quantia correspondente a 59,86% do valor total do convênio. Entretanto, em vistoria técnica, feita imediatamente após o pagamento à empresa, a Funasa constatou que somente 29,1% dos serviços haviam sido executados e, ainda assim, fora das especificações técnicas.
Em 2005, já na gestão de Nabor Wanderley, a prefeitura recebeu a última parcela do convênio e novamente dispensou a licitação, contratando a ACS América para concluir as obras, visto que o contrato com a Transamérica já havia expirado. As obras foram finalmente acabadas em março de 2006 e as contas aprovadas.
Improbidade
Para o Ministério Público, apesar da aprovação das contas e da execução integral do objeto do convênio, os gestores Dinaldo Medeiros Wanderley e Nabor Wanderley cometeram atos de improbidade gravíssimos, tendo Dinaldo liberado recursos antes de sua execução, contrariando as normas de execução financeira, com a participação do secretário Manoel Dantas Monteiro, que atestou falsamente que as obras correspondiam ao valor do pagamento.
Além disso, Dinaldo Wanderley, dolosamente, permitiu o enriquecimento ilícito da construtora Transamérica, administrada por Deczon Farias da Cunha, que recebeu por serviços incompletos. Também houve, nas duas gestões, dispensa indevida de licitação. Para o MPF, tais irregularidades não podem ficar à margem de uma reprimenda judicial.
Empresas de fachada
Segundo apurou-se, a construtora Transamérica, convidada pela prefeitura na gestão de Dinaldo Wanderley, encontra-se envolvida em diversas fraudes, sendo apontada como empresa de fachada pela Operação Carta Marcada na ação de improbidade que tramita na 3.ª Vara Federal, em João Pessoa. Tanto a Transamérica como a AGL Construções Ltda. apresentaram propostas cujos textos eram exatamente iguais,
sem alterar uma vírgula sequer, e cujos valores diferiam em apenas R$ 204,00.
Já as empresas ACS América Construções e Construtora Ipanema convidadas pelo atual prefeito, Nabor Wanderley, também encontram-se envolvidas em diversas fraudes, sendo apontadas como empresas de fachada pela Operação I-licitação. As empresas apresentaram propostas em formatação bastante semelhante, apenas alterando os valores.
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