COTIDIANO
Nelma Figueiredo, Cássio Cunha Lima e um mal-estar na PM
Publicado em 30/04/2018 às 6:51 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:43
Nesta segunda-feira (30), faz um mês que morreu a jornalista Nelma Figueiredo.
Ainda é muito difícil conviver com a sua ausência física.
Lembro dela contando uma pequena história de redação.
O ano era 2008.
Estávamos na pequena TV O Norte, dos Diários Associados, afiliada Band em João Pessoa.
As limitações eram grandes, mas gostávamos muito do que fazíamos.
Naquela manhã, o governador Cássio Cunha Lima deu posse ao novo comandante da Polícia Militar numa solenidade na praça do Espaço Cultural.
Durante a posse, aconteceu algo que não estava programado, mas as equipes de reportagem não viram, ou simplesmente não entenderam.
Inclusive a nossa.
Explico: o coronel que deixava o comando fez um discurso marcado por ressentimentos, totalmente impróprio àquela solenidade, e provocou um tremendo mal-estar.
O resultado: no lugar de deixar o comando da PM para assumir a chefia da Casa Militar, ele foi direto para a reserva.
No início da tarde, fui avisado por nosso homem de política do que ocorrera e constatei que não tínhamos nada em nossa cobertura.
Eu era o editor chefe.
Nelma, a editora do jornal da noite.
Quando ela chegou para iniciar o trabalho de edição, pegamos as fitas e fomos ver o que havia.
O texto da repórter que cobriu a solenidade não fazia qualquer menção ao ocorrido. Um fato que acabou sendo mais importante do que a posse.
Começamos a verificar as imagens: uma cara feia aqui, um sobe som acolá, uns olhares esquisitos trocados entre os convidados, pequenos registros que talvez permitissem um milagre.
Foi aí que Nelma me perguntou: você confia na sua editora?
E eu respondi: mais ainda na repórter que há em você!
Então, deixe comigo! - ouvi dela.
Umas duas horas depois, fui chamado para ver o que tínhamos.
Tínhamos tudo!
Caramba!
Tínhamos tudo!
Nelma juntou cada imagem, cada fragmento, como se estivesse montando um verdadeiro quebra-cabeça.
Com seu faro aguçadíssimo de repórter, construiu o texto, gravou e - pronto! - estávamos salvos!
À noite, na hora do telejornal, ela entrevistou o novo comandante ao vivo, no estúdio, enquanto, na redação, testemunhei a reação dos oficiais que o acompanhavam diante da matéria que exibimos.
Ficaram impressionados com a qualidade do que fora ao ar, com a fidelidade e precisão com que contamos a história.
Bem, esta era Nelma Figueiredo!
Profissão: Repórter!
Ou (agora botando no pretérito uma brincadeira interna da TV Cabo Branco):
Nelma Figueiredo era mesmo o auge!
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