COTIDIANO
Número de famílias querendo adotar é 5 vezes maior que o de "candidatos"
São pelo menos 11 mil pretendentes a pais e 2 mil esperando adoção. Restrições ao perfil da criança podem ajudar a explicar disparidade.
Publicado em 25/12/2008 às 7:39
Do G1
O Brasil tem cinco vezes mais famílias que querem adotar um filho do que crianças esperando para serem adotadas. O número está em um cadastro elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Em todo o país, pelo menos duas mil crianças e adolescentes aguardam a adoção. No entanto, existem mais de onze mil pretendentes a pais. Os dados do cadastro, criado há oito meses, mostram que as restrições ao perfil da criança podem ajudar a entender essa disparidade.
Segundo o CNJ, 90% dos interessados em adoção são casados e 76% não têm filhos. Do total de quem está disposto a adotar, 70% só aceitam crianças brancas –assim como 70% dos que querem também são brancos. Mais de 80% exigem crianças com no máximo três anos de idade. No entanto, só 7% dos adotáveis estão nessa faixa de idade.
A psicóloga Soraya Pereira rompeu essas barreiras na hora da adoção. Mãe de dois filhos adotivos, ela comanda uma instituição para apoiar apadrinhamentos e adoções.
“Eles [os pais interessados] exigem um perfil que é dentro dos sonhos, dentro da fantasia, dentro da imaginação. A diferença vem muito dessa idealização. E filho não é isso. Nenhuma relação é assim. Você vai adotando, porque é esse aconchego, é esse dia a dia que vai construindo, que vai construindo essas relações”, diz.
Ela é mãe do hoje adolescente Hugo, de 15 anos, que foi adotado assim que nasceu. A irmã dele, Tainá, de 13, foi adotada com quatro anos. “Eles chegaram no momento oportuno e são meus filhos. Não sei pensar de outra forma”, afirma o pai, Sebastião.
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