O que é música boa? O que é música ruim?

O que é música boa?

O que é música ruim?

Música boa versus música ruim!

Essa discussão está de volta, agora nas redes sociais, mas ela não é nova. Já fui testemunha dela em outros momentos. Inclusive - se quisermos - no ano de 1987, tomado agora como parâmetro de um tempo bom na música popular do Brasil.

Mas quero dar outros exemplos. Com música internacional.

Elvis Presley fazia música boa ou música ruim?

Ariano Suassuna o chamava de imbecil e achava a música dele um lixo. Como a de Michael Jackson e a de Madonna.

Os Beatles faziam música boa ou música ruim?

Os cultores do jazz demoraram muitos anos para assimilá-los. Alguns ainda não conseguem.

O maestro Quincy Jones faz música boa ou música ruim?

Há quem diga que, boa, só na juventude. Antes de se tornar um homem do mercado.

Rock progressivo é música boa ou música ruim?

Quem ouve punk rock acha aquelas faixas intermináveis uma enganação.

Punk rock é música boa ou música ruim?

Quem ouve o virtuosismo do progressivo costuma abominar aquelas músicas de dois ou três acordes.

No Brasil, não é diferente.

Luiz Gonzaga é música boa ou música ruim?

Um amigo, não faz muito tempo, me disse que não entendia como Gonzaga cabia no meu gosto refinado. Persiste algo do preconceito que foi enorme quando o artista estava no auge do sucesso.

Roberto Carlos é música boa ou música ruim?

Bem, o Rei está no topo da lista lá de 1987. Mas muitos dos que compartilham a lista até hoje costumam chamá-lo de brega.

Cauby Peixoto fazia música boa ou música ruim?

Um amigo riu quando eu disse que adoro Cauby. E perguntou: como você aguenta tanta afetação e cafonice?

Em 1975, no dia em que estive com Gilberto Gil pela primeira vez, um radialista perguntou por que ele cantava Waldick Soriano, que era sinônimo da má música brasileira. Gil respondeu que não via as coisas assim.

Em 1983, no meus 24 anos, perguntei a Egberto Gismonti o que ele achava de tanta música ruim que era produzida no Brasil. Ele também respondeu que não via as coisas assim. E que o bom na música brasileira era a sua diversidade.

Música boa?

Música ruim?

Joguei fora - de tão equivocados que eram - os parâmetros que tive na juventude.

Quem ouve Bach talvez não ouça Ramones. Quem ouve Ramones talvez não ouça Tom Jobim.

Quem ouve Tom Jobim talvez não ouça Ivete Sangalo. Quem ouve Ivete Sangalo talvez não ouça Duke Ellington.

Tem gente que ouve tudo.

A música é expressão dos povos e do tempo deles. Passa, fica, se transforma. Emociona, alegra, entristece. Faz dançar, faz cantar. Convida à serenidade, ao silêncio, à contemplação.

Música boa?

Música ruim?

Música!

Música, humana música (como no título daquele livro de Nelson Motta)!

Ouça, com liberdade, a que mais lhe aprouver!