Pai confessa ter abusado sexualmente de dois filhos no DF

Do G1

Um homem confessou ter abusado sexualmente de dois filhos, há dois anos, quando um deles tinha apenas três meses e o outro dois anos. A confissão ocorreu depois que a dona-de-casa, que mora no Distrito Federal denunciou o marido, na segunda-feira (25).

“Ele [o filho] estava com dor e não conseguia urinar. Foi quando eu perguntei se quando eu estava ausente o pai mexia com ele. Na mesma hora ele respondeu que sim. Disse que não me contou antes porque tinha medo de apanhar, por conta das ameaças. Foi difícil. Desde esse fim de semana ele não quis mais ficar perto do pai dele. Toda vez que eu ia sair ele me segurava pedindo pra eu ficar”, conta a mãe.

Os casos de exploração sexual são encaminhados para a Delegacia de Proteção à Criança (DPCA). De acordo com a delegada Gláucia Ésper, 29% dos casos são de estupros e 64% de atentado violento ao pudor, crimes que ocorrem principalmente em casa. “No caso do atentado violento ao pudor, a maioria é perpetrada pelo pai”, relata.

Aumento nos casos

As denúncias de abuso sexual tiveram, em todo o Brasil, um aumento de 78% na comparação das reclamações recebidas entre os primeiros semestres de 2007 e 2008. Os dados são do Disque Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, do governo federal, conhecido como Disque 100.

De janeiro a julho de 2008, o serviço registrou um total de 20,1 mil casos, o que representa uma média diária de 93 denúncias. No mesmo período do ano passado, a média era de 63 denúncias por dia, dos 11,2 mil casos. O país já conta com 25 mil reclamações até agora, enquanto durante todo o ano de 2007 foram registradas 24,9 mil acusações.

As principais vítimas são mulheres - cerca de 61% das denúncias correspondem a crianças ou adolescentes do sexo feminino. Sobre o tipo de denúncia, 35% dos casos são caracterizados por negligência, e 34% estão entre violências física e psicológica.

Regiões do Brasil

A região nordeste é a campeã de denúncias - com 33,4 % do total - seguida pelo sudeste - 32,2% - e sul - 13,6%. São Paulo e Bahia são os estados com maior quantidade de casos. O primeiro saltou de 1,1 mil denúncias no primeiro semestre de 2007 para 2,3 mil neste ano. Já os baianos registravam 959 casos no período citado do ano passado e passaram para 1,8 mil em 2008, quase o dobro.

Porém, se for levada em conta as denúncias por número de habitantes, os paulistas ficam na última colocação. No Distrito Federal, as denúncias somaram no ano passado 566 ocorrências, mas até agora o número ainda não foi ultrapassado, com 548 denúncias.

Dicas para os pais

O aumento de denúncias levou a Polícia Militar a fazer uma cartilha que está sendo usada em palestras para educadores da rede pública. Há dicas de como perceber o abuso e também ensina a educar a criança, para que ela saiba diferenciar o que é certo do que é errado e o que deve ser feito desde cedo.

De acordo com as orientações da cartilha, a partir de um ano e meio, os pais devem ensinar o nome das partes do corpo. Aos 3 anos, conversar sobre as partes íntimas e mostrar a diferença entre carinho e um toque indesejável. Com 5 anos, a criança deve ser orientada sobre situações de risco, e aos 8 deve ser esclarecida sobre a reprodução humana.

A psicóloga autora da cartilha, Lívia Borges, afirma que mesmo se a criança não disser nada, podem haver demonstrações de que está sofrendo abuso. “Não só porque ela passa a achar normal, mas porque às vezes ela é chantageada, ameaçada. Se ela não é ameaçada diretamente, alguém da família passa a ser ameaçada”.

“Muitas das atividades que hoje nós recebemos como denúncias eram tomadas pela população de forma costumeira, até como forma de educar”, revela a coordenadora do Programa Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Leila Paiva. Ela destaca a importância da discussão do assunto para esclarecer a sociedade.

Serviço

O Disque 100 é coordenado e executado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), em parceria com a Petrobras e o Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria). A ligação é gratuita.