Paraíba registra queda de 37% no número de mamografias no primeiro ano de pandemia

A Paraíba sofreu uma queda de 37% no número de mamografias de rastreamento em 2020, em comparação a 2019. Os números foram solicitados à Secretaria de Estado da Saúde (SES), e a redução foi um dos impactos da pandemia para serviços variados de saúde. A mamografua é o principal exame para detectar o câncer de mama.

A SES informou que, ainda em março de 2020, uma nota técnica enviada pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) recomendava que os profissionais de saúde orientassem as pessoas a não procurarem os serviços de saúde para rastreamento de câncer. Os profissionais deveriam remarcar as coletas de exame citopatológico e a realização de mamografias de rastreamento, adiando para quando as restrições diminuíssem.

Apesar dos serviços não terem sido suspensos, a procura despencou. Em 2019 a Paraíba realizou 73.380 mamografias de rastreamento, já em 2020 foram feitos 46.509 exames de prevenção.

A médica paraibana Joana Barros, membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia, acredita que o rastreamento mamográfico não é oferecido como deveria no Brasil, e que as quedas causadas pela pandemia podem prejudicar muitas mulheres.“Essa redução vai significar um aumento absurdo no número de mortes, principalmente entre mulheres com nível econômico inferior”, avalia.

De acordo com a mastologista, o ano de 2021 segue a tendência de 2020 “estamos nos deparando com mulheres com sintomas avançados, onde não estão tendo tratamento quimioterápico, os exames de quimioterapia estão demorando de 3 a 4 meses para serem disponibilizados”, afirma Joana Barros.

Para a coordenadora de Saúde da Mulher da Paraíba, Fátima Moraes, o diagnóstico precoce, através de mamografias de rastreamento, aumenta em 90% as chances de cura e possibilita que a pessoa leve uma vida com qualidade.

“A mamografia é o principal exame para a detecção precoce e deve ser feita por mulheres sem sintomas, mas que estão numa faixa etária de risco e tenham propensão à doença”, disse Fátima Moraes.

Os números da Secretaria de Saúde da Paraíba atestam uma pequena redução no número de mortes por câncer de mama durante a pandemia. Em 2019 foram registradas 308 mortes, em 2020 o número chegou a 295 e, até o momento, 2021 contabiliza 186 mortes por câncer de mama no estado.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa para o câncer de mama na Paraíba, nos anos 2020-2021-2022, é de 1.120 novos casos para cada ano. Desses, 360 serão somente em João Pessoa.

Para atuar na prevenção, durante todo o mês de outubro, o Centro Especializado de Diagnóstico do Câncer (CEDC) vai oferecer às mulheres com 40 anos ou mais, por demanda espontânea, a realização de 100 mamografias de rastreamento. Os serviços serão oferecidos diariamente, das 7h às 19h, e ainda terá atendimento de mulheres indígenas para a realização do mesmo exame, em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI).

O CEDC está localizado na Avenida Duarte da Silveira, número 590, no Centro de João Pessoa.