COTIDIANO
Paraibana denuncia sexismo em universidade de Goiás: 'Mulher precisa de favor sexual pra vencer?'
Reunião onde caso de machismo teria acontecido foi gravada e servidores perguntaram se a paraibana mantinha relações íntimas com professor.
Publicado em 02/07/2025 às 15:46
A paraibana Monize Gomes do Nascimento denunciou, em uma carta aberta, que está sendo vítima de perseguição na Universidade Federal de Goiás (UFG), onde é servidora. A carta é do dia 25 de junho, e o caso veio à tona nas redes sociais. Ela relatou que, durante um depoimento na ouvidoria, “chegou a ser questionada se havia mantido relações sexuais” com o seu orientador de mestrado.
O JORNAL DA PARAÍBA entrou em contato com a Universidade Federal de Goiás, que disse não comentar sobre processos internos em andamento, no caso do processo de ouvidoria pelo qual passa a servidora paraibana na universidade. Sobre a denúncia de machismo, a instituição disse que "recebe denúncias de assédio moral e/ou sexual e as encaminha para apuração, acompanhando todo o processo desde a fase de apresentação e instrução, bem como informando todos os envolvidos acerca dos andamentos processuais".
Monize Gomes do Nascimento, servidora da instituição desde 2012, relatou que há mais de cinco anos tem sido vítima de perseguição por parte de um colega de trabalho, que ela afirma fazer denúncias infundadas sobre o seu desenvolvimento dentro da universidade, associando isso a envolvimento com um orientador. Ela é alvo de um processo administrativo sobre supostas irregularidades no lançamento de notas.
“Já foram mais de quarenta denúncias caluniosas, a maioria já arquivada por absoluta ausência de fundamento. Tenho respondido a todas com serenidade, mas a perseguição persiste e, pior, vem sendo alimentada por servidores da própria instituição”.
No dia 23 de junho, durante uma oitiva online por servidores da instituição para apuração do caso, a servidora foi questionada se “já teve algum relacionamento íntimo" com o orientador. Na chamada de vídeo gravada, Monize questiona o que seria relacionamento íntimo e tem como resposta “íntimo no sentido sexual”.
Na videochamada, a servidora paraibana chega a questionar ainda se para conseguir espaços de prestígio uma "mulher precisa de favor sexual para vencer?".
"Se tivesse um homem aqui no meu lugar, nunca aconteceria essa pergunta. Isso para mim é extremamente machista, Eu nunca tive (relação íntima) com meu orientador. É desrespeitoso com uma mulher isso que vocês estão fazendo", disse.
A servidora também afirmou na chamada que as duas outras mulheres que participavam do processo de Ouvidoria não tinham empatia. Ela disse que estava participando, na verdade, sobre um processo de lançamento de notas e não sobre a vida privada.
"Uma mulher ela não pode vencer sozinha? Ela precisa de algum favor sexual, é isso? É isso que vocês acham? É absurdo. Eu sou uma mulher que me dedico, que construí minha história", ressaltou.
A Universidade Federal de Goiás confirmou que, de maneira geral, comissões como as que Monize participou, são compostas por "três servidores estáveis, nomeados pela Reitoria e que não estejam impedidos (por qualquer que seja o motivo) de compor determinada comissão".

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