COTIDIANO
Paraibana que morreu atropelada por ônibus doa coração
Acidente ocorreu em 7 de dezembro, quando ela foi atingida por um ônibus, e após nove dias internada, Priscila não resistiu aos ferimentos e morreu.
Publicado em 21/12/2024 às 20:35
A paraibana Priscila Marques Monteiro, de 27 anos, atropelada enquanto atravessava uma faixa de pedestres no bairro da Glória, no Rio de Janeiro, teve o coração transplantado com sucesso em um paciente que aguardava na fila. O acidente ocorreu no dia 7 de dezembro, quando ela foi atingida por um ônibus, e após nove dias internada, Priscila não resistiu aos ferimentos e faleceu nesta terça-feira (17).
O corpo de Priscila foi sepultado neste sábado (21), em Campina Grande, onde familiares e amigos prestaram suas últimas homenagens.
Formada em jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Priscila estava no Rio de Janeiro a passeio e pretendia encontrar amigos no dia do acidente. Pouco antes, ela fez uma ligação ao pai, Orton Monteiro, expressando alegria pelo momento que vivia.
"Eu falei com ela logo cedo, ela estava muito feliz. Ela estava no hotel e fez uma chamada de vídeo pra mim logo cedo. Falou que estava feliz porque estava no hotel vendo o Cristo Redendor, no Rio de Janeiro, realizando um sonho da vida dela (...). Eu saí para trabalhar e disse: 'filha, aproveite porque é a oportunidade que você está tendo de conhecer o Rio de Janeiro com mais tranquilidade, porque vai passar mais de uma semana", conta.
Segundo relatos do pai, ela estava muito feliz e ouviu dele palavras de incentivo para aproveitar a viagem. Antes do acidente, Priscila afirmou que iria descer do hotel para tomar um café.
"As últimas palavras que eu disse para ela foram 'filha, como você está linda! Como Salvador te fez bem', porque ela estava morando em Salvador há seis meses", disse o pai.
Ainda conforme Orton, logo após o acidente, a empresa onde Priscila trabalhava se responsabilizou por levar a família até ela. Ao chegar no Rio de Janeiro, pai, mãe e irmão encontraram a jovem já na UTI.
Em meio à dor, a família tomou a decisão de doar os órgãos da jovem, transformando a tragédia em esperança para outras vidas. O coração de Priscila foi transplantado em uma criança. O fígado também foi doado.
"Pela personalidade da nossa filha, pelo caráter que ela tinha, pelo perfil dela de protetora dos animais, era uma uma pessoa vegana, que não comia nada que trouxesse dor aos animais (...) pelo DNA dela de ser uma pessoa muito humana, nós decidimos como família que ela estaria muito feliz em doar", justifica o pai.
De acordo com testemunhas, o ônibus avançou o sinal enquanto Priscila atravessava na faixa de pedestres com uma bicicleta alugada. O impacto quebrou o para-brisa do veículo. A jovem sofreu traumatismo craniano e múltiplas fraturas, sendo levada ao Hospital Municipal Miguel Couto, onde teve morte encefálica confirmada.
Priscila era descrita como uma jovem sensata, amorosa e atenta com todos ao seu redor. Sua paixão por explorar novos lugares e conhecer pessoas era evidente em sua segunda viagem ao Rio.
Camila Leoncio, amiga de Priscila, afirmou que a jovem era prudente e jamais atravessaria uma faixa de pedestres sem a segurança do sinal verde. O pai também corrobora.
"O que mais me chocou foi que logo em seguida do acidente nem o ônibus foi periciado, nem a bicicleta que ela estava foi periciada (...). Minha filha era muito cautelosa, comedida. Ela era muito prudente, muito cautelosa", disse Orton.
O motorista envolvido foi ouvido na 9ª DP (Catete) e liberado em seguida. Segundo a amiga, o para-brisa do ônibus foi trocado, e até o momento, a empresa responsável não entrou em contato com a família da vítima.
A Secretaria Municipal de Transportes solicitou esclarecimentos ao consórcio responsável pelo ônibus e medidas para evitar condutas semelhantes.
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