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COTIDIANO

Paraibano é único foragido vivo suspeito de matar crianças de Belford Roxo, no RJ

Edgar Alves, o Doca da Penha, teria autorizado a morte das crianças, em dezembro de 2020.

Publicado em 13/12/2021 às 10:20 | Atualizado em 13/12/2021 às 10:36


                                        
                                            Paraibano é único foragido vivo suspeito de matar crianças de Belford Roxo, no RJ
Crianças foram mortas em Belford Roxo, no Rio, após supostamente roubarem passarinhos de um traficante

O paraibano Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca da Penha, é o único foragido vivo suspeito de matar os três meninos, com idades entre 9 e 12 anos, que desapareceram em dezembro de 2020, em Belford Roxo, no Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Civil do Rio, seis pessoas vão ser indiciadas, mas três delas teriam sido executadas pelos próprios traficantes, com suspeita de queima de arquivo.

As crianças, Lucas Matheus (9 anos), Alexandre da Silva (11 anos) e Fernando Henrique (12 anos), desapareceram no dia 27 de dezembro de 2020, após saírem para brincar em um campo de futebol no bairro Castelar, onde moravam. 

Na última quinta-feira (9), quase um ano depois do crime, a polícia do Rio fez uma operação para fechar o inquérito. Segundo as investigações, os meninos teriam sido torturados e, após a morte de um deles, os outros foram executados, como punição por supostamente terem furtado passarinhos de um dos traficantes do Castelar.

Doca nasceu na cidade de Caiçara, no Brejo, e é apontado como um dos chefes do Comando Vermelho no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele foi implicado na morte dos meninos após outro traficante ter dito que foi autorizado a matar as crianças por Doca e por outro chefe do tráfico.


				
					Paraibano é único foragido vivo suspeito de matar crianças de Belford Roxo, no RJ
Cartaz de foragido de Edgar Alves de Andrade, o Doca. Cartaz de foragido de Edgar Alves de Andrade, o Doca

“Temos uma testemunha que presencia o Stala dizer que mataram a criança em razão do roubo do passarinho. Stala foi perguntado se foi autorizado e ele disse que Doca e Piranha autorizaram o crime”, explicou Uriel Alcantara, delegado titular da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense. 

Stala é Willer Castro da Silva. Segundo a Polícia Civil, ele era gerente do tráfico do Castelar e sobrinho do homem que teve os passarinhos roubados. De acordo com a investigação, ele teria sido morto na data provável de 25 de agosto deste ano. 

A outra pessoa citada por Uriel, Piranha, é José Carlos Prazeres da Silva. Conforme a polícia, ele também foi morto, na data provável de 9 de outubro. Piranha influenciava e determinava os crimes que eram cometidos no Castelar. Ele foi executado cerca de um mês depois de perder a liderança do tráfico em algumas comunidades após uma decisão da cúpula da facção criminosa.

Doca da Penha tem uma ficha criminal com quase 100 páginas e responde a crimes que vão de roubo a homicídio, incluindo tortura e tráfico. No total, ele acumula 15 mandados de prisão, sendo o primeiro deles em 2007, pelo crime de tráfico. 

Conforme as informações do Disque Denúncia do Rio de Janeiro, ele estaria escondido no Complexo da Penha, mas continua gerindo as favelas da Baixada Fluminense. 

Ele está sendo procurado pela polícia, com uma recompensa de R$ 1 mil reais, segundo o Portal dos Procurados. 

Investigação


				
					Paraibano é único foragido vivo suspeito de matar crianças de Belford Roxo, no RJ
Ultimas imagens das crianças de Belford Roxo antes de desaparecerem. Ultimas imagens das crianças de Belford Roxo antes de desaparecer

A elucidação da morte das crianças em Belford Roxo foi construída a partir de depoimentos de testemunhas. Uma delas informou que estava em um bar na comunidade quando duas motos se aproximaram. 

Na garupa de uma delas estava Ana Paula da Rosa Costa, a Tia Paula. Ela era uma liderança do tráfico local e teria convocado o motorista do carro que levou os corpos dos meninos para ser jogado em um rio. Ela teria participado, assim como Stala, da sessão de tortura das crianças, e também foi morta pelos traficantes.

Tia Paula teria perguntado ao pessoal no bar se alguém sabia dirigir e a testemunha se ofereceu. Ela foi levada na moto até um carro, onde estavam os corpos dos meninos, e depois orientada a guiar o veículo até um rio.

Meses depois, com a liberdade do traficante Wilton Carlos Rabelo Quintanilha, o Abelha, houve uma ruptura na estrutura do tráfico do Castelar por parte da cúpula do Comando Vermelho.

Stala foi chamado para uma reunião no Complexo da Penha, e teria sido executado por Doca. No mesmo dia, Piranha perdeu as comunidades que chefiava e Tia Paula também foi executada, todos a mando de Abelha.

Cerca de um mês depois, o próprio Piranha foi executado e para a polícia, as mortes todas foram consideradas queima de arquivo. Como os corpos não foram achados, eles continuam como indiciados no inquérito. 

Além de Doca, Tia Paula, Stala e Piranha, a polícia também indiciou outras duas pessoas, cujos nomes não foram informados. Uma delas está presa e a outra responde em liberdade. 

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Jornal da Paraíba

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