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COTIDIANO

PC indicia 40 acusados de fraudes em carteiras de habilitação na PB

Polícia concluiu inquérito mais de um ano depois da operação Espelho de Prata. Médicos, funcionários do Detran, autoescolas e despachantes estão envolvidos.

Publicado em 15/07/2011 às 8:13

João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba

Mais de um ano após ser deflagrada a Operação ‘Espelho de Prata’, que desarticulou um esquema de emissão irregular de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) da Paraíba para vários Estados do país, a Polícia Civil concluiu o relatório final do inquérito policial e indiciou 40 pessoas acusadas de envolvimento nas fraudes, que teriam deixado sob suspeita na época pelo menos 50 mil CNHs no Estado. O relatório foi concluído pela delegada Ranielle Vasconcelos Cabral e enviado ao Ministério Público.

As investigações foram feitas em conjunto pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, Corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e as polícias Rodoviária Federal e Civil. Na época, foram cumpridos 41 mandados de prisão e 52 mandados de busca e apreensão nas cidades de João Pessoa, Campina Grande, Santa Rita, Alhandra, Itabaiana, Sapé, Guarabira, Rio Tinto, Pombal e Princesa Isabel. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Distrital de Mangabeira.

Os 40 indiciados, entre eles médicos, funcionários do Detran, despachantes e pessoas ligadas a autoescolas do Estado, irão responder pelos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica e corrupção ativa. As investigações constataram a emissão de CNHs para candidatos analfabetos e pessoas de outros Estados que não compareciam às provas, mas receberiam pelos Correios as documentações.

“No decorrer da apuração, constatou-se a existência de pelo menos quatro núcleos criminosos, ou seja: 1) o núcleo das autoescolas; 2) o núcleo dos agenciadores; 3) o núcleo dos funcionários públicos; e 4) o núcleo dos candidatos beneficiados. É importante ressaltar que os três primeiros núcleos se intercomunicam, porém sem existir uma estrutura hierárquica piramidal entre estas”, discorre o relatório final das investigações.

Depois de receber o relatório, o MP agora vai analisar as documentações apresentadas e decidir se denuncia ou não os acusados na Justiça. As investigações revelaram que os candidatos, grande parte analfabeta, adquiriam as habilitações irregularmente por valores que variavam entre R$ 450 e R$ 1,5 mil.

“A princípio, o objetivo da investigação era apurar a emissão de CNHs para pessoas residentes em outros estados da federação, sem que o candidato sequer se deslocasse para a Paraíba, simplesmente remetiam seus documentos de identidade, fotos e valores pelos Correios e depois recebiam as CNHs em suas residências. Porém, no decorrer das investigações, apurou-se que a ORCRIM também atuava em outras vertentes, como na aprovação de analfabetos em provas de legislação de trânsito, alteração dos resultados das provas práticas, aprovação em exames médicos e todos os tipos de fraudes”, destaca o relatório policial.

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Jornal da Paraíba

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