COTIDIANO
PCC abastece tráfico
Rede de tráfico especializada na compra de cocaína e crack a traficantes do Primeiro Comando da Capital é descoberto pela Polícia Federal.
Publicado em 10/04/2012 às 6:30
Uma longa e minuciosa investigação da Polícia Federal em Campina Grande, realizada entre abril de 2010 e o mês de fevereiro deste ano, terminou com a denúncia de seis acusados por tráfico de drogas e identificou a existência de uma rede de tráfico especializada na compra de cocaína e crack a traficantes do ‘alto escalão’ do Primeiro Comando da Capital (PCC) de São Paulo. Os chefes do ‘esquema’ na Paraíba seriam Francisco de Assis Clemente dos Santos, o ‘Passinho’ e o detento Higor Vieira de Azevedo.
Através de ligações telefônicas, o grupo teria organizado um esquema de distribuição de drogas que abastecia o tráfico em Campina Grande, sobretudo os bairros do Araxá e Jeremias, com ordens dadas de dentro de presídios. A quadrilha, conforme o inquérito policial IPL 111/2010, também adquiria maconha de grandes traficantes do Polígono da Maconha, no Estado de Pernambuco, e fornecia droga para o filho do maior traficante do Brasil, Fernandinho Beira-Mar, Luan da Costa Medeiros, que também já foi condenado por tráfico de drogas e cumpre pena no Complexo do Serrotão.
As investigações realizadas pela Polícia Federal deram origem à ‘Operação Lajedo’, que cumpriu de forma silenciosa quatro mandados de prisão no fim do ano passado, dentro dos presídios da Paraíba. Os alvos foram Passinho e Higor Vieira, além de Damião Gomes de Sá e Luan Medeiros da Costa. Damião, conforme a Polícia Federal, seria um dos fornecedores da maconha para a quadrilha. Além deles, dois dos denunciados pelo Ministério Público ainda continuam foragidos.
Em um dos trechos do relatório das investigações, os agentes federais asseveram que “no fim do mês de julho, Passinho e Higor receberam 16 kg de cocaína que foram comprados do PCC paulista. Importante esclarecer que as negociações acertadas por Higor e Passinho para a compra da maconha junto a fornecedores de Pernambuco se devam em concomitância com as negociações junto a fornecedores do PCC de São Paulo, o que comprova duas coisas: a versatilidade dos integrantes da quadrilha, que demonstravam ter contatos com criminosos de diversos Estados, o que evidencia sua influência e o poder financeiro desta quadrilha, que negociava a compra de dois carregamentos, considerando que cada quilo de crack custava à quadrilha cerca de R$ 8.000 a R$ 12.000”.
Segundo a Polícia Federal e com base na denúncia apresentada pelo Ministério Público “os interlocutores de Higor e Passinho no PCC eram os criminosos conhecidos apenas pelas alcunhas de Nenem, Gleidson e Alemão”. Durante o monitoramento, realizado pelos agentes federais, o bando chegou a planejar um assalto a uma residência, que renderia cerca de R$ 2 milhões.
A denúncia do Ministério Público foi apresentada no mês de fevereiro deste ano. O órgão pede a condenação dos acusados por tráfico de drogas, associação ao tráfico e formação de quadrilha. O processo 001.2010.009.113-9 está tramitando na Vara de Entorpecentes de Campina. Na semana passada, a defesa preliminar dos réus foi apresentada e os autos estão com defensores públicos, que também estão atuando na defesa dos acusados.
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