COTIDIANO
PF indica Dantas e mais 9 por formação de quadrilha
Indiciados são ligados ao banco Opportunity, ligado a Daniel Dantas. Banqueiro ficou calado em depoimento à PF na sexta (18).
Publicado em 19/07/2008 às 7:47
Do G1
A Polícia Federal indiciou em inquérito nesta sexta-feira (18) o banqueiro Daniel Dantas e mais nove pessoas ligadas ao banco Opportunity por gestão fraudulenta e formação de quadrilha. Eles foram investigados pela PF durante a Operação Satiagraha.
Com o indiciamento, os dez se tornam oficialmente suspeitos das acusações constantes no inquérito da PF. Depois da conclusão do inquérito, o Ministério Público vai avaliar se oferece ou não a denúncia à Justiça, que decidirá se aceita ou não.
Além de Dantas, os indiciados são: a irmã do banqueiro, Verônica Dantas, que também atua na diretoria do banco; o ex-marido dela e atual sócio do Opportunity, Carlos Rodenburg; o presidente do banco, Dorio Ferman; a diretora jurídica, Danielle Silbergleid Ninnio; a diretora de relações com investidores, Maria Amália Delfim de Melo Coutrim; o diretor de operações, Eduardo Penido Monteiro; o presidente do Conselho de Administração, Arthur Joaquim de Carvalho; e os executivos do banco Itamar Benigno Filho e Norberto Aguiar Tomaz.
A informação foi dada pela PF após o depoimento deles na sede da PF em São Paulo. O advogado Nélio Machado, que defende Daniel Dantas e o grupo Opportunity, afirmou que o indiciamento é equivocado. "Gestão fraudulenta não houve. (...) Formação de quadrilha não é nada. (...) É uma expressão que causa impacto, mas que não tem conexão com fatos reais", disse.
Dantas deixou a PF na noite desta sexta depois de mais de cinco horas de depoimento, no qual ele não deu declarações. Nélio Machado já havia adiantado que os dez ficariam calados no depoimento.
O banqueiro é apontado como suspeito de comandar um esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro, além de outras acusações sobre crimes financeiros. Ele também já é réu no processo onde é apontado como mandante de uma tentativa de suborno a um delegado da PF, para retirar seu nome e o de familiares da investigação.
Terceiro depoimento
Esta foi a terceira vez que a polícia tentou ouvir o banqueiro. Nas outras duas vezes, Dantas também permaneceu calado. “Na primeira vez, [Dantas] permaneceu em silêncio porque nós não tínhamos acesso a tudo quanto era posto contra ele nas investigações, nos autos. Na segunda, não tínhamos acesso ao áudio [das gravações telefônicas entre os investigados], só a degravações, papel. Ontem [na quinta] tivemos acesso ao áudio no final do dia”, alegou Nélio Machado antes do depoimento desta sexta.
Na quarta (16), a Justiça Federal aceitou a denúncia contra Dantas por corrupção ativa e também contra o ex-diretor da Brasil Telecom Humberto Braz e Hugo Chicaroni, que teriam oferecido propina de US$ 1 milhão a um delegado para que o banqueiro fosse excluído das investigações, segundo a acusação.
Tensão
A operação gerou tensões entre a Polícia Federal, o juiz Fausto Martin De Sanctis, que está à frente do caso,o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que por duas vezes concedeu habeas corpus a Dantas. Associações de magistrados chegaram a divulgar notas de apoio ao juiz. Tarso e Mendes reuniram-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e negaram haver conflito.
Daniel Dantas foi preso no dia 8 de julho, mas acabou sendo libertado após obter um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal. Voltou a ser preso no mesmo dia e conseguiu liberdade novamente.
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