COTIDIANO
Pílula não deve ser usada sem orientação
Publicado em 20/10/2013 às 8:00 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:28
“Quando iniciei minha vida sexual, aos 16 anos, decidi logo me prevenir contra uma gravidez. Fui à farmácia e comprei uma cartela de pílulas anticoncepcionais, li a bula e pronto. Continuo tomando a mesma até hoje. Nunca tive nenhum problema”, relatou a estudante Daniele Alves, 21 anos. Ela é exemplo do grupo de mulheres que fazem uso do método anticonceptivo sem orientação médica, o que não é correto segundo especialistas, pois pode acarretar em vários efeitos colaterais.
Embora a pílula anticoncepcional seja o método mais popular entre as mulheres, o médico ginecologista e obstetra Aldrovando Grisi afirma que o sucesso da contracepção depende de uma decisão firmada entre a paciente e o profissional, onde deverá ser levado em conta a segurança, eficácia, efeitos secundários dos métodos disponíveis no mercado, além das características individuais da mulher. “A pílula anticoncepcional é o método mais popular e tradicional para evitar a gravidez. Ela possui um ou dois hormônios produzidos pelos ovários e quando usada evita a ovulação, mas alguns cuidados devem ser observados, como a idade ideal para o início do uso dos anticonceptivos, que é em torno dos 15 anos, quando em regra a mulher inicia sua vida sexual”, disse.
A estudante Daniele acertou no tempo inicial do uso do medicamento, mas errou em não procurar um ginecologista para fazer a escolha. Embora, hoje tenha consciência dessa orientação, ela contou que por ser órfã de mãe, temeu em procurar um médico. “Fui criada com meu pai e nunca tive abertura para falar sobre sexualidade com ele, com isso, também tive receio e até vergonha em procurar um ginecologista. Sei que fiz errado, mas na época me sentia insegura por não ter minha mãe do meu lado”, revelou.
De acordo com Aldrovando Grisi, o uso indiscriminado do medicamento oferece algumas contraindicações devido aos hormônios existentes em suas fórmulas, principalmente para as pessoas portadoras de varizes, tromboembolia (trombose e embolismo) e fumantes. “Outros efeitos que podem ocorrer são aumento de peso, dores nas mamas, vômitos e dores de cabeça, mas que devem diminuir após três meses de uso contínuo do medicamento. Caso estes sintomas persistam, a mulher deverá procurar o seu ginecologista para reavaliar a medicação ou até mesmo mudá-la”, orientou.
Por estes motivos, o ginecologista ressaltou que antes do uso de qualquer anticoncepcional, a mulher deverá ouvir a opinião do especialista, para que ele indique um tratamento anticonceptivo adequado para cada mulher, conforme a situação hormonal de cada uma. “Vale frisar que o medicamento anticoncepcional previne a gravidez, mas não deixa a mulher imune de doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids. Por isso, mesmo com o uso do anticoncepcional, o uso do preservativo também é indicado”, afirmou.
O especialista observou que não existem problemas clínicos com o uso ininterrupto das pílulas, no entanto, recomendou a suspensão das pílulas antes de se submeter a cirurgias eletivas, “pois em fase da ingestão do estrógeno, pode representar risco de formação de trombos, que são inicialmente coágulos sanguíneos e evoluem para trombose, o que leva à formação de trombos”.
Ao finalizar, o ginecologista Aldrovando Grisi esclareceu que a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece que o uso de anticoncepcionais, bem indicados, reduzem as chances de desenvolver nas mulheres os cânceres de ovários e útero, além de doenças inflamatórias na pélvis feminina.
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