COTIDIANO
'Polícia Solidária' ajuda a reduzir violência em JP
Estratégia de aproximação dos policiais com a população está ajudando a diminuir os índices de homicídios na capital.
Publicado em 16/09/2012 às 8:30
A redução de crimes em João Pessoa conta com mais uma 'arma': a aproximação da polícia com a população através das Unidades de Polícia Solidária (UPS). Estatísticas da Secretaria Estadual de Segurança e Defesa Social apontam para uma redução de 7,89% no número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), os homicídios, no período de janeiro a agosto deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado e as UPS foram recursos determinantes para obtenção desse resultado. Segundo a Polícia Militar (PM), nas áreas atendidas por cinco UPSs, houve redução de 17% no número de homicídios contabilizados no primeiro semestre deste ano, em comparação com 2011.
Na Polícia Solidária, o objetivo é aproximar a polícia da população, com o objetivo de gerar confiança e consequentemente a redução de crimes. Em João Pessoa existem atualmente sete Unidades de Polícia Solidária, instaladas nos bairros de Mandacaru, Alto do Mateus, comunidade 'Bola na Rede', no bairro dos Novais, Bela Vista, São José, Jardim Planalto e Róger, nesta última o reforço vem também através do monitoramento com câmeras de segurança.
Os resultados mais satisfatórios foram obtidos pela UPS São José, onde houve redução de 59% nos casos de homicídios.
Conforme a PM, em 2011 ocorreram 27 assassinatos no bairro, contra onze ocorridos este ano. De acordo com os registros do Distrito Integrado de Segurança Pública (Disp) a instalação da UPS contribuiu diretamente para a redução dos Crimes Violentos Patrimoniais no bairro de Manaíra, com queda de 41%, no primeiro semestre deste ano em comparação com os seis primeiros meses do ano passado. Ocorreram respectivamente 268 e 454 crimes deste tipo no bairro.
Apesar do combate aos homicídios e assaltos, o tráfico de drogas ainda é considerado o grande problema no bairro. Formado principalmente por becos e vielas e localizado às margens de um rio, a estrutura do bairro favorece a fuga de criminosos.
“O tráfico ainda prevalece. A infraestrutura do bairro é precária e a localização favorece ações criminosas”, revelou o comandante da UPS, tenente Márcio Alcântara, ressaltando que a maioria das denúncias ainda é feita de forma anônima. “Eles ainda temem represálias por parte de criminosos que vivem no bairro, porém se sentem bem mais seguros”, completou o tenente Alcântara.
Já na UPS Bela Vista, que atende aos bairros do Cristo Redentor e Rangel, o trabalho realizado pela Polícia Militar durante 24 horas, reduziu em 17% o número de homicídios na região. Foram 17 assassinatos no primeiro semestre de 2011 e 14 no mesmo período deste ano. Conforme o comandante da UPS, tenente Roberto Heráclio, as ações da PM são voltadas para a integração com a população. Para isso são realizadas palestras em escolas, creches e com líderes comunitários da área. “Nós temos feito palestras relacionadas a violência doméstica, alcoolismo, além de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Prestamos atendimento à população que se sente insegura para chegar em casa durante a madrugada. Sentimos que o nosso trabalho tem surtido efeito e deixado os moradores satisfeitos”, comemorou o tenente.
Na UPS do bairro Alto do Mateus, uma das primeiras a ser instaladas, os registros da PM apontam para uma redução de 50% no número de homicídios, com 5 casos no primeiro semestre deste ano e 10 no mesmo período do ano passado.
Contudo, a região conhecida por 'Beira da Linha' ainda é considerada uma área preocupante no bairro e que inspira atenção especial da PM. Os moradores da região afirmam que o policiamento da UPS não se estende ao local.
“Para mim, a instalação dessa UPS não melhorou em nada porque continua sem passar viatura ou policiais no local onde moro. Os policiais só chegam depois que o assassinato já tem ocorrido. De que adianta? O tráfico e outros crimes continuam, enquanto isso a polícia só faz rondas na parte de cima do bairro”, desabafou Maria de Lourdes de França, moradora da 'Beira da Linha'.
O sargento José Quime de Moura explicou que o policiamento é realizado em todo o bairro durante 24 horas. A polícia conta ainda com uma linha solidária, telefone difundido entre os moradores para agilizar o deslocamento da PM aos locais com ocorrência de crimes. Atualmente os casos mais registrados na UPS estão relacionados à invasão domiciliar, violência doméstica e poluição sonora.
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