COTIDIANO
Presos fazem motim por revisão de penas
Em protesto contra a existência de supostas falhas no andamento dos processos e no cotidiano da penitenciária, os presos do Serrotão fazem 'greve de fome'.
Publicado em 17/07/2012 às 6:00
Com faixas que pediam maior agilidade no andamento de processos, respeito aos familiares durante as visitas íntimas, melhores condições estruturais e tratamento mais humano por parte de agentes penitenciários, mais de 500 presos do Complexo do Serrotão, em Campina Grande, protagonizaram ontem cerca de 8 horas de tensão e de protesto, no interior da unidade. A mobilização dos detentos teve início por volta das 8h, sendo encerrada após a visita de representantes do Ministério Público e da Vara de Execuções Penais do município, às 16h.
Em protesto contra a existência de supostas falhas no andamento dos processos e no cotidiano da penitenciária, os presos ainda permaneceram sem comer durante toda a mobilização, em uma espécie de ‘greve de fome’. Aos gritos, eles ocuparam os telhados de todos os pavilhões do presídio, mas se mantiveram de forma pacífica, sem danos ao patrimônio público.
Atualmente, cerca de 560 presidiários compartilham as 350 vagas existentes no Serrotão. Segundo a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap), o diálogo com o Judiciário deve definir quais medidas serão tomadas ao longo dos próximos dias. “Estamos conversando com a direção da unidade, o promotor e juiz de Execuções Penais de Campina Grande, mas não temos como interferir nesse momento”, afirmou o gerente executivo de sistemas da Seap,coronel Arnaldo Sobrinho.
De acordo com a direção do Serrotão, a única decisão tomada até o momento foi a abertura de sindicância para apurar responsabilidades sobre o detento que tentou pular o muro da unidade prisional, no último domingo. Alan Batista de Souza, 23 anos, foi flagrado pela vigilância da guarita 18, quando estava com uma corda feita de lençóis e com um gancho na ponta.
Ele foi punido com 10 dias no setor de isolamento. A tentativa ocorreu às 16h, logo após o encerramento do período de visitas familiares. “Recolhemos o material sem dificuldades e abrimos sindicância para apurar o ocorrido. Ele tentou fugir em um período que consideramos crítico e temos bastante atenção, pois ele poderia ter tentado se misturar aos visitantes”, explicou o diretor do Serrotão, agente Emanoel Eudes Osório.
No fim da tarde, o juiz substituto de execuções penais de Campina Grande, Leonardo Sousa de Paiva, visitou a unidade.
Em companhia do diretor do presídio, ele anunciou que deverá fazer um ‘esforço concentrado’ junto aos servidores da Vara de Execuções para avaliar todos os casos e reivindicações dos presos.
Já o diretor da penitenciária, Emanoel Osório, disse que por enquanto não haverá mudança nos horários dos banhos de sol, nem modificação no sistema de visitas da unidade. “Nós já estamos cumprindo o que prescreve a Lei de Execuções Penais.
Aqui tratamos todos de forma civilizada e não há o que modificar.
Vamos continuar trabalhando de forma legítima, obedecendo o que está na lei”, assinalou o diretor.
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