COTIDIANO
Presos na Operação Sete Chaves começam a prestar depoimento
Suspeitos foram transferidos para a Paraíba na noite de quarta. Eles vão ser ouvidos pelo delegado Fabiano de Lucena.
Publicado em 28/05/2015 às 10:09
Os seis presos na Operação Sete Chaves, que desarticulou um esquema de extração e venda ilegal de turmalina paraíba, na quarta-feira (27), começaram a prestar depoimento na Superintendência da Polícia Federal, em Cabedelo, na manhã desta quinta-feira (28). Os suspeitos serão ouvidos pelo delegado Fabiano de Lucena Martins, responsável pela investigação.
Durante a operação foram expedidos oito mandados de prisão contra os responsáveis pela organização criminosa, liderada por empresários. Do total, foram cumpridos os mandados contra Sebastião Lourenço Ferreira; Rômulo Pinto; Ubiratan Batista de Almeida; João Salvador Martins Vieira; Aldo Medeiros Filho; e Ananda Lourenço. (Veja o papel de cada um no esquema).
Segundo a Polícia Federal, ainda estão em aberto os mandados contra Ranieri Addario, que está foragido, e Zaheer Azizi, que é afegão e deve ter sua prisão efetuada pela Interpol.
De acordo com a Polícia Federal, os seis foram transferidos para a Paraíba ainda na quarta-feira. Todos estão detidos na capital paraibana, mas a PF não revelou os locais. Não existe prazo para o término dos depoimentos.
As investigações do MPF começaram em 2009 após denúncias divulgadas pela imprensa dando conta de extração irregular de turmalina no distrito de São José da Batalha, cidade de Salgadinho. Um inquérito policial foi instaurado pela Polícia Federal no ano seguinte e o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) também entrou na apuração. As investigações ganharam fôlego em 2013 quando foram encontrados diversos exemplares da pedra lapidadas da turmalina sendo vendidos na Feira Internacional de Pedras Preciosas, em Teófilo Otoni, Minas Gerais. Depois disso um especialista em gemas, dos Estados Unidos, forneceu dados à PF sobre a atuação da organização criminosa.
A partir das declarações do especialista constatou-se a existência de uma empresa responsável pela extração irregular da turmalina, a Parazul Mineração Comércio e Exportação Ltda. E as investigações apontaram que ela não possui autorização para a extração da pedra, apenas um alvará de pesquisa, que também estava expirado há 15 anos. Além disso também foi visto que ela fazia a exploração fora da área outorgada para pesquisa.
Interceptações telefônicas feita pela Polícia Federal revelaram que após a extração ilegal feita pela Parazul, os envolvidos encaminhavam a produção para a empresa Terra Branca, localizada em Parelhas, Rio Grande do Norte, para conferir a legalidade das gemas. A Terra Branca, que possui concessão de lavra garimpeira, 'esquentava' as pedras e as remetia para Minas Gerais, de onde elas saiam para Estados Unidos, Tailândia e Hong Kong.
Segundo o MPF, nas conversas interceptadas foi descoberta uma nova reserva de turmalinas paraíba. Nos diálogos, em abril de 2014, os investigados dizem que seria um negócio “muito bom” e que geraria um lucro de US$ 1 bilhão para a organização. Eles chegaram a afirmar que ficariam bem de vida “até a sexta geração das famílias de todos eles”.
A ação contou com a participação de 130 policiais federais, de todo o Nordeste, que deram cumprimento simultâneo a 35 medidas judiciais, sendo 8 de prisão preventiva, 19 mandados de busca e apreensão e 8 de sequestro de bens. Os trabalhos foram desenvolvidos nas cidades de João Pessoa, Monteiro, Salgadinho, Parelhas (RN), Natal (RN), Governador Valadades (MG) e São Paulo.
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