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COTIDIANO

PRISÃO DE EDUARDO JORGE ABALOU JOÃO PESSOA EM 69

Publicado em 03/08/2018 às 9:29 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:38


				
					PRISÃO DE EDUARDO JORGE ABALOU JOÃO PESSOA EM 69

Eduardo Jorge será o vice de Marina Silva.

Muita gente só o conheceu em 2014, quando disputou a presidência pelo PV.

Como sei de Eduardo há quase 50 anos, vou contar um pouco da sua história.

O pai dele, Guilhardo Martins, era um médico do Exército. Foi reitor da UFPB a partir de 1964, até o início dos anos 1970. Era o reitor da ditadura, representante dos militares na universidade, personagem de tristes episódios no ambiente acadêmico.

Baiano de Salvador, Eduardo Jorge cresceu em João Pessoa. Estudante de medicina na universidade que tinha seu pai como reitor. No campus, arrancava suspiros das colegas de curso. Era, digamos, o sonho de conquista de muitas delas.

Em 1969, Eduardo, aos 20 anos, foi personagem de um episódio que abalou João Pessoa. Foi quando tive notícia da existência dele.

Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho, filho do reitor Guilhardo Martins Alves, Capitão-Médico do Exército Brasileiro, foi preso numa ação da guerrilha urbana montada para enfrentar a ditadura militar.

Parecia impossível!

Eduardo, o filho do reitor Guilhardo, era muito mais do que um cara envolvido com o movimento estudantil do seu tempo!

Eduardo, o filho do reitor Guilhardo, era um guerrilheiro urbano!

Enquanto o pai perseguia dentro da comunidade acadêmica, o filho atuava no outro extremo.

Eduardo foi para Guilhardo o que Nelson Rodrigues, o filho, foi para Nelson Rodrigues, o pai.

Defensores da ditadura com filhos pegando em armas para enfrentá-la.

Eduardo Jorge foi processado com base na Lei de Segurança Nacional. No episódio ocorrido na Paraíba, em 1969. E numa segunda prisão, na década de 1970, já em São Paulo.

Médico sanitarista, passou pelo Chile de Allende, caminhou ao lado dos movimentos sociais, foi fundador do PT, deputado estadual por São Paulo em 1982, deputado constituinte em 1986, voltando para a Câmara por mais três mandatos.

No parlamento brasileiro, seu nome esteve associado a temas importantes, cruciais, da área de saúde. No tempo em que Lula presidente era mais sonho do que realidade, Eduardo era sempre cotadíssimo para o Ministério da Saúde. Quando Lula, afinal, chegou ao Planalto, já estava longe dos projetos políticos do PT.

Conheci Eduardo Jorge de perto. Testemunhei o início do seu desencanto com a esquerda que o teve como firme militante.

Tenho respeito por ele. Quero ver como será sua performance ao lado de Marina Silva.

Imagem

Silvio Osias

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