COTIDIANO
Projeto da PM distancia crianças do universo da violência e exclusão
Ações que envolvem música e prevenção a drogas e violência, desenvolvido pela Polícia Militar muda a vida e a visão que meninos e meninas têm dos policiais.
Publicado em 14/11/2014 às 17:37 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:28
João Barbosa (fictício)*, 10 anos, mora em uma comunidade carente de João Pessoa e, diariamente, convive com casos de assassinatos e com o mundo das drogas. Essa é uma rotina comum para ele e outros meninos de sua vizinhança. O menino decidiu que quer ser policial e esse desejo foi suscitado depois de uma palestra que agentes da Polícia Militar fizeram em sua escola meses atrás. A imagem da polícia que ficou em sua mente foi diferente daquela que a maioria da sociedade tem, de repressão e de agressão.
O que motivou a mudança de visão do menino pobre tem base em um projeto que a PM desenvolve junto a crianças e adolescentes chamado 'Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) e que envolve informação com o objetivo de distanciar essas crianças do mundo de violência no qual elas vivem.
Desde a sua criação, em 2008, além de João, mais de 108.300 meninos e meninas beneficiados com cursos de formação que ajudam a preparar crianças para conhecerem os perigos das drogas e da violência bem como de suas consequências diretas e indiretas.
De acordo com a coordenadora do Proerd, capitã Laura Amaral, atualmente 214 policiais percorrem todo o Estado dando cursos e palestras nas escolas públicas e particulares. “Nós atuamos das duas formas: através de cursos, que duram cerca de três meses, e palestras, com o objetivo de alertar crianças e adolescentes para esses problemas que tão frequentemente os atinge”, explicou.
Principalmente focado nas crianças e adolescentes que estão cursando do quinto ao nono ano nas escolas, o Proerd foi iniciado há 14 anos. “Nesse tempo vemos benefícios significativos. Por exemplo, a gente tem alunos que viraram policiais quando adultos, isso após terem sido despertados para essa carreira através dos nossos profissionais”, declarou.
E esse é o objetivo do pequeno João. A palestra direcionada para a sua escola tratou dos temas bullying, violência e drogas, o que fez com que ele tivesse ainda mais certeza do que quer: se distanciar desse mundo, apesar de morar em um local em que tudo acaba sendo 'fascinante'
Durante o curso, que tem reuniões com duração de aproximadamente uma hora, são ministradas aulas não apenas sobre drogas, mas também violência, campanhas que ensinam crianças a tomarem decisões responsáveis e respeitosas para elas e para as famílias, conforme a capitã Laura. “A gente tenta desenvolver isso, a autoestima das crianças, ajudando-os a criar um respeito por si, pelo corpo, pelos colegas, os demais temas são abordados de forma indireta, assim eles saem capacitados para lidar de forma consciente com situações de conflito e dúvida, principalmente nos momentos em que as drogas ou outras coisas são oferecidas para eles”, acrescentou.
Projetos incentivam o esporte e a música
Além do Proerd, a PM também desenvolve projetos que estimulam o lado esportivo e artístico das crianças e dos adolescentes. Os projetos Caminho Certo e o 'Uma música que salva' buscam, de forma lúdica e prazerosa, dar outras opções para crianças que moram em locais de risco.
Segundo o coordenador dos projetos sociais desenvolvidos pela PM, Major Lúcio, o projeto Caminho Certo tem dois anos, mas já apresenta frutos bastante positivos. “Nós temos um policial formado em educação física que está à frente do projeto. Ele acontece nas terças e quintas no Bairro São José, mas já beneficia aproximadamente 100 crianças daquela região”, explicou.
Durante os momentos de lazer, as crianças são instruídas a trabalharem a parte esportiva, o que desenvolve a cognição bem como os ajuda a ter uma ocupação além do período da aula.
Diferentemente do projeto 'Caminho Certo', o 'Uma música que salva' possibilita às crianças conhecerem partituras, aprenderem a tocar um instrumento e mudar de vida. O projeto é desenvolvido no bairro de Mandacaru pela iniciativa privada, mas também possui o apoio da PM. Com mais de dois anos de funcionamento, o projeto beneficia crianças entre 4 e 17 anos que vivem em um ambiente de vulnerabilidade social.
Segundo a idealizadora e diretora do projeto, Lauriceia Teixeira, no passar de dois anos, muitas mudanças positivas já puderam ser observadas. “Hoje 45 crianças são beneficiárias do projeto. E nós vemos que esses meninos já mudaram muito. Alguns eram respondões, arredios. Hoje, não precisamos mais reclamar com eles e recebemos até elogios na escola”, afirmou.
De acordo com a assessoria de comunicação da PM, não é difícil ver crianças que encontraram, através do projeto, um objetivo para seguir na vida. “Temos alunos que brigavam muito na vizinhança, viviam na rua e hoje têm um comportamento diferente e uma perspectiva de futuro graças ao projeto. São exemplos que nos dão a certeza da eficácia dessa ação”, completou Lauriceia.
Hoje, o projeto funciona de segunda a sexta, nos três turnos, oferecendo aulas de violão, violino e instrumentos de sopro – como clarinete, sax, percussão e flauta, todos doados ou cedidos pelo poder público e a iniciativa privada.
Saiba Mais
O projeto 'Uma Música que Salva' funciona na Avenida General Rego Barros, número 294, no bairro de Mandacaru. Para participar, não é necessário o pagamento de nenhuma taxa, é preciso, apenas, estar matriculado na escola pública e com boas notas.
Comentários